Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
Reprodução/CNN Brasil
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)


Ninguém gosta de um chato. Imagine a cena: alguém, em um grupo de pessoas, está falando com entusiasmo de um prato delicioso. Em seguida, porém, alguém começa a falar sobre as gorduras, os carboidratos e as calorias daquela receita. Quem terá razão? Provavelmente, aquele que chamou atenção para o lado ruim — mas esse indivíduo, também, será taxado de desagradável e impertinente.

Hoje, o chato de plantão na cena econômica brasileira é a Direita, que insiste em falar sobre responsabilidade fiscal e se descabela toda vez que o governo levanta a bandeira de gastar sem se preocupar com o déficit público.

Recentemente, o presidente  Luiz Inácio Lula da Silva pulverizou a meta de déficit zero em 2024 , algo que foi colocado pelo ministro Fernando Haddad no arcabouço fiscal. A ideia, lembremos, era acalmar um mercado que estava preocupado com o fim do antigo teto de gastos. Ao se mostrar pelo menos comprometida com a busca de uma austeridade fiscal, a gestão Haddad se apresentava como palatável para os analistas financeiros.

Lula , porém, acabou com a ilusão e decretou que o déficit zero era impossível. Diga-se de passagem, essa era mesmo uma possibilidade bastante remota. Mas a mensagem que  Fernando Haddad passava para o mercado financeiro era a de que o governo estava trabalhando pela austeridade, acalmando aqueles que se preocupam com a inflação brasileira.

Além disso, o presidente afirmou que o mercado é “ganancioso demais e fica cobrando uma meta que ele sabe que não vai ser cumprida”. Antes de comentar o raciocínio de Lula , é bom recordar que a meta foi colocada pelo próprio governo – não pelos analistas financeiros.

Ao relacionar o déficit zero com ganância, o mandatário incorre em um erro clássico, típico de quem deseja olhar apenas para o presente sem se preocupar com o futuro. A preocupação, quando se pensa em déficit zero, é controlar a espiral inflacionária, que tem relação direta com gastos públicos que ultrapassam a capacidade de pagamentos do Tesouro.


Lula  pisou no acelerador no meio da curva e, em reunião ministerial no meio do feriado, disse que os ministros devem ser “os melhores gastadores do dinheiro em obras de interesses do povo”. E mais: “para a quem está na Presidência, dinheiro bom é transformado em obras”.

Os representantes da Direita, diante disso, estão posando de chatos perante à sociedade. Afinal, o presidente está falando em gastar dinheiro do governo, fazendo obras que vão gerar empregos e melhorar a vida da população. Qual é o problema?

O problema está em gastar mais do que se pode.

Estamos em uma situação na qual precisamos baixar os juros para recuperar nossa capacidade de crescer a economia. Para que isso ocorra, há dois fatores (um fora de nossa jurisdição): os juros americanos e o comportamento da inflação brasileira .

Ora, se gastarmos mais do que podemos, o déficit aumenta e a inflação idem. Se os preços voltarem a subir, como poderemos continuar a baixar os juros?

Na prática, Lula quer repetir a fórmula desenvolvimentista que jogou a  economia no caos durante a administração de Dilma Rousseff, promovendo despesas sem o devido lastro e um descontrole total do déficit. O resultado? Estagflação, um dos piores fenômenos registrados na cartilha econômica.

Contudo, o papel da Direita, de chato de plantão, deve ser reforçado. Gastar sem responsabilidade, como quer o PT, é flertar com o desastre. Precisamos de gente responsável no governo. E se não houver responsabilidade entre as autoridades, alguém precisa espernear. Mas, por enquanto, só os direitistas estão fazendo isso. No entanto, esse é um assunto importantíssimo e todos os brasileiros deveriam estar discutindo a verdadeira capacidade de investimento público. Não podemos cair na mesma esparrela de Dilma. O  Brasil não aguenta outra baderna fiscal.

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