O conflito entre Israel e o Hamas pode causar aumento no preço dos combustíveis, caso o conflito se agrave no Oriente Médio, alertou o Banco Mundial (BM) em relatório divulgado nessa semana.
O conflito, que começou no mesmo ano que a guerra entre Rússia e Ucrânia, representa "o maior choque para os mercados de produtos básicos desde a década de 1970", advertiu o economista-chefe do Banco Mundial , Indermit Gill.
Esta pressão "teve efeitos perturbadores na economia global, que persistem até hoje", afirmou Gill no comunicado. "Os formuladores de políticas terão que ficar atentos. Se o conflito (entre Israel e Hamas) se intensificar, a economia global enfrentará um duplo choque energético pela primeira vez em décadas", acrescentou.
Após o começo do conflito, o preço do petróleo aumentou globalmente, causando grande volatilidade nos mercados mundiais. Apesar de o Brasil não ter envolvimento direto, a economia daqui também pode ser impactada, principalmente devido ao aumento abrupto do preço do petróleo.
“Dependendo devolução do conflito e se o Irã efetivamente entrar na guerra, isso pode ter um impacto significativo no preço do petróleo. O país é um grande produtor, e se ele entrar efetivamente na guerra pode realmente impactar no fornecimento no mercado internacional. Porque os Estados Unidos podem impor, ou até mesmo, aumentar as sanções ao Irã ”, defende Pedro Luiz Cortes, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da USP (IEE-USP).
“O petróleo tem sido usado como arma geopolítica desde a década de 70, quando ocorreram as duas crises de petróleo. Sempre que há alguma conjuntura política adversa no Oriente Médio, acaba, historicamente, afetando a cotação”, pontua.
O aumento significativo no preço do petróleo tem como consequência imediata o encarecimento dos produtos derivados, como gasolina e diesel. Esse aumento nos combustíveis afeta diretamente a inflação, já que esses itens são essenciais em diversas cadeias produtivas e de distribuição.
“Acredito que não vamos ter um impacto tão significativo na economia. Porém, a Petrobras não consegue atender totalmente o mercado nacional, 25% eles são atendidos por importadores privados que pagam petróleo na cotação Internacional e não tem essa flexibilidade de jogar com os preços como a Petrobras”, finaliza.
O CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, anunciou no começo de outubro que a atual política de preços da empresa está preparada para conter um possível aumento na volatilidade dos preços do petróleo, bem como variações especulativas devido ao conflito em Israel e Gaza.
A estratégia comercial da estatal tem se mostrado positiva ao tornar a empresa competitiva no mercado e evitar repasses imediatos de volatilidade para o consumidor. Ao longo deste ano, mesmo com o preço do petróleo mais alto em comparação com o ano passado, os preços dos produtos acumulam quedas. "A companhia reitera que, na formação de seus preços, busca evitar o repasse da volatilidade conjuntural do mercado internacional e da taxa de câmbio", declara em nota.
No terceiro trimestre, a Petrobras alcançou uma média de 2,32 milhões de barris de petróleo por dia (bpd). Que significa um aumento de 9,6% em relação ao mesmo período de 2022, conforme o relatório de produção e vendas divulgado pela empresa.
O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Rodolfo Saboia, disse em evento que o Brasil vai ultrapassar a marca de 4 milhões de barris de petróleo produzido por dia (bpd) em 2025. Atualmente, o país produz em média 3,5 milhões de bpd por dia.
O diretor afirmou que o aumento na produção não dependerá apenas do crescimento no pré-sal, mas também do processo de recuperação de campos maduros, liderado pelas petroleiras independentes. No entanto, ele alertou que será necessário explorar novas fronteiras para evitar a queda na produção nacional a partir de 2030.