O senador Ciro Nogueira (PP-PI) criticou o ministro da Economia, Paulo Guedes , e afirmou que o economista não é “insubstituível". O congressista é um dos líderes do centrão e aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Em entrevista à Folha de S. Paulo, o senador criticou a gestão econômica de Guedes e sua relação com o Congresso, em especial no caso da sanção do Orçamento . Nogueira diz não defender a saída de Guedes do governo, mas não rejeita a possibilidade.
"Não, de forma nenhuma [eu defendo a sua demissão]. Há muito tempo não tínhamos um ministro que tivesse uma representatividade tão grande. Agora, ele não é insubstituível. Se ele morrer o país acaba? Não. Ninguém é insubstituível", afirmou.
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A sanção do Orçamento 2021 tem gerado controvérsia entre o alto escalão do governo e os parlamentares. O veto a emendas incluídas durante a tramitação da proposta orçamentária na Câmara e no Senado é ponto de conflito entre a equipe econômica e os presidentes da Câmara dos Deputados , Arthur Lira (PP - AL) e Rodrigo Pacheco (DEM - MG).
"Foi um erro gravíssimo do governo, ter feito acordo, ter concordado e depois querer voltar atrás", disse o senador.
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O ministro Guedes defende a sanção com vetos, já que, segundo ele, Bolsonaro pode responder por crime de responsabilidade caso mantenha as emendas.
"Eu acho que o acordo tem que ser honrado. Esse acordo foi feito há mais de 30 dias. A equipe econômica assumiu esse compromisso, então tem que cumprir. Eu acho que esses recursos são fundamentais para a infraestrutura do país, para a nossa retomada econômica. Eu defendo que seja sancionado conforme foi acordado", afirmou.
Conflitos
Considerado inexequível pela equipe do ministro da Economia, o orçamento 2021 segue indefinido.
O governo chegou a cogitar, mas desistiu da ideia de retirar verbas para obras públicas do teto de gastos, como manobra de acomodar todos os gastos requeridos pela equipe econômica e pelo centrão.
Na segunda-feira (13) , o ministério da Economia propôs a edição de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que dispensaria o cumprimento de regras fiscais os gastos emergenciais com a pandemia e ainda R$ 18 bilhões em verbas que poderiam ser indicadas por deputados e senadores. A sugestão foi rejeitada.
Guedes segue defendendo uma nova PEC mais enxuta. A ideia do ministro é permitir que os gastos de programas emergenciais fiquem livres das regras fiscais, principalmente despesas com saúde e medidas de emprego e crédito.
Caso a PEC seja engavetada integralmente, a equipe econômica sugere que seria necessário afrouxar a meta fiscal estipulada para este ano, além de colocar essas ações ligadas à pandemia fora das limitações do teto de gastos.