Vice-presidente Hamilton Mourão comentou possibilidade de ampliação do seguro-desemprego e pregou cautela com impacto fiscal da medida
Romério Cunha/VPR
Vice-presidente Hamilton Mourão comentou possibilidade de ampliação do seguro-desemprego e pregou cautela com impacto fiscal da medida

O vice-presidente Hamilton Mourão defendeu nesta sexta-feira (25) que uma eventual  ampliação do seguro-desemprego em mais duas parcelas durante a pandemia não pode ser feita "de afogadilho". Apresentada pelas centrais sindicais ao Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), a medida não tem apoio do governo.

"Tem que olhar dentro da nossa capacidade fiscal, né? Não pode ser coisa de afogadilho. Todos vocês sabem que nós vivemos uma crise fiscal séria. Não podemos aumentar a dívida de forma desmesurada, então tem que buscar qual é a melhor solução para que isso seja pago", disse Mourão .

Segundo pareceres técnicos do Ministério da Economia, a medida teria impacto de R$ 16,7 bilhões nas contas públicas este ano, considerando um universo de 6,5 milhões de demitidos desde março e que seriam beneficiados. Além disso, por se tratar de um benefício novo, o governo teria que editar uma MP e solicitar pedido de crédito suplementar ao Congresso Nacional.

O governo tem a metade dos assentos no Codefat de um total de 24. As centrais sindicais têm seis votos e precisariam conquistar mais três dos representantes dos empregadores. Assim, caberia ao presidente do Codefat, Francisco Canindé Pegado, da União Geral dos Trabalhadores, desempatar o placar e votar a favor da proposta.

Na manhã desta sexta, Mourão disse que as medidas econômicas tomadas pelo governo durante a crise do novo coronavírus "terminaram por surtir efeito e a queda que se esperava na nossa economia não foi tão grande assim".

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"A economia deu uma melhorada. Todas as medidas que o governo fez no sentido de manter a economia em condições, os créditos às pequeno e micro empresas, a questão do pagamento de salários para as empresas que tinham empregos formais, o governo pagando 75% e a empresa pagando 25%; o próprio coronavoucher", listou.

Questionado se acreditava em uma recuperação econômica em "V" , como o ministro da Economia, Paulo Guedes , afirma que está ocorrendo no país, Mourão disse que é preciso esperar o final do ano, mas que os dados indicam um cenário melhor que o esperado.

"Olha, os dados que nós temos hoje, o Brasil foi um dos países que menos perdeu no segundo trimestre do ano, que foi o trimestre mais crítico. Nós fomos um dos que menos perdeu. Vamos lembrar que, inicialmente, a previsão é que a gente teria uma queda neste ano de 9%, hoje já tá em 5%, governo aposta em 4,7%. Vamos aguardar o final do ano", disse o vice-presidente.

Pressão europeia

O vice-presidente afirmou que conversou com o governo alemão sobre a carta enviada na semana passada por um grupo de oito países europeus preocupados com o desmatamento na Amazônia . No documento, a Parceria das Declarações de Amsterdã, atualmente liderada pela Alemanha, afirma que o desmatamento dificulta a compra de produtos brasileiros.

"Já foi conversado, inclusive o embaixador alemão está viajando hoje a Carajás (PA) com o ministro Bento, de Minas e Energia, está indo lá para conhecer o projeto Carajás", disse.

Ele também afirmou que as tratativas para levar embaixadores à floresta em outubro continuam, mas que a lista de países ainda não está definida. Na semana passada, o vice-presidente disse que pretendia levar representantes da Europa e de outros continentes, para não "ficar uma coisa tendenciosa".

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