Após o IBGE divulgar que as vendas no comércio registraram alta acima do esperado por analistas, o Ministério da Economia divulgou um relatório em que afirma já ser possível identificar a chamada recuperação "em V" da atividade econômica — ou seja, uma retomada rápida após a crise.
"Os indicadores de atividade para os meses de junho e julho mostram que a economia brasileira está se recuperando rapidamente. As divulgações das pesquisas mensais realizadas pelo IBGE confirmaram algumas das projeções mais otimistas mostrando, por exemplo, para a indústria e o comércio uma 'retomada em V'
", diz o documento, elaborado pela Secretaria de Política Econômica (SPE).
Nesta quinta-feira, o IBGE informou que as vendas no varejo registraram alta de 5,2% em julho, na comparação com junho. O resultado veio acima do esperado por analistas, que projetavam crescimento de 1,2%, segundo pesquisa da Reuters.
Na avaliação da SPE, os números são resultados de medidas emergenciais adotadas pelo governo, principalmente a concessão do auxílio emergencial
e a autorização para que empresas e empregados firmassem acordos de suspensão de contrato e redução de jornada, com cortes de salários parcialmente compensados pela União.
Os resultados foram percebidos principalmente nos setores de materiais de construção, fármacos e eletrodomésticos, aponta o documento.
A SPE aponta ainda que outros dados, divulgados com maior frequência, reforçam a tendência de recuperação econômica.
"Os indicadores de alta frequência, como vendas em cartões, mostram que a recuperação continua para os meses do terceiro trimestre", observa a pasta.
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O documento também aponta que a crise praticamente não afetou o setor agrícola.
O relatório destaca que a estimativa da safra de grãos para 2020,
feita pelo IBGE, tem crescimento de 4,2% em relação à safra recorde de 2019.
PIB teve tombo de 9,7%
O relatório vai ao encontro das últimas declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que afirma que a economia pode registrar queda de menos de 4% neste ano. A expectativa de analistas do mercado é de um tombo de 5,3%.
Só no segundo trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) registrou retração de 9,7% em relação aos primeiros três meses do ano.
O IBGE também revisou os dados do primeiro trimestre, mostrando que o país já havia registrado queda de 2,5% no período — e não de 1,5%, como anteriormente estimado.
Na ocasião, integrantes do governo, inclusive Guedes, minimizaram os dados oficiais. Para o ministro, o resultado foi um "som distante" de um raio que atingiu o país em abril, ponto mais crítico da crise econômica causada pela pandemia.
Ao considerar que o pior da crise ficou para trás, a equipe econômica tem reforçado a defesa de reformas.
"Mesmo com esses bons resultados, que tem inclusive melhorado as projeções para uma recessão menor do que a projetada em 2020, convém ressaltar a necessidade da retomada da agenda de reformas e consolidação fiscal, de modo que a recuperação pujante da economia seja firmada", diz a nota do Ministério da Economia.