De janeiro a setembro, o Brasil registrou superávit de US$ 42,648 bilhões na balança comercial, recuo de 19,9% em relação ao mesmo período do ano passado (US$ 53,258 bilhões)
Arquivo/Tânia Rêgo/Agência Brasil
De janeiro a setembro, o Brasil registrou superávit de US$ 42,648 bilhões na balança comercial, recuo de 19,9% em relação ao mesmo período do ano passado (US$ 53,258 bilhões)

O aumento das importações em ritmo maior que o das exportações fez o superávit da balança comercial acumular queda nos nove primeiros meses do ano. De janeiro a setembro, o país vendeu para o exterior US$ 42,648 bilhões a mais do que comprou, recuo de 19,9% em relação ao mesmo período do ano passado (US$ 53,258 bilhões).

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Os números foram divulgados hoje (1º) pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Apenas em setembro, o superávit comercial somou US$ 4,971 bilhões, o que representa uma queda de 3,9% na comparação com o mesmo período do ano passado. Apesar do recuo, esse é o segundo melhor resultado da história para o mês, perdendo apenas para setembro de 2017 (US$ 5,171 bilhões).

No acumulado do ano, as exportações somaram US$ 177,991 bilhões, número 8,1% maior que o registrado nos mesmos meses de 2017 pelo critério da média diária. Beneficiadas pela recuperação da economia, as importações totalizaram US$ 135,343 bilhões, alta de 21,6% também pelo critério da média diária.

No resultado mensal, as exportações totalizaram US$ 19,087 bilhões em setembro (crescimento de 7,7% pela média diária). As importações somaram US$ 14,116 bilhões (alta de 10,2% na mesma comparação).

Composição do superávit

Entendendo o superávit comercial: em relação às importações, o crescimento foi puxado pela compra de combustíveis e lubrificantes (24,7%), influenciado pela alta na cotação internacional do petróleo
Weverson Rocio/Petrobras
Entendendo o superávit comercial: em relação às importações, o crescimento foi puxado pela compra de combustíveis e lubrificantes (24,7%), influenciado pela alta na cotação internacional do petróleo

O crescimento das exportações em setembro foi puxado pelas vendas de produtos básicos (21,1%), beneficiadas pela valorização das commodities (bens primários com cotação internacional). As vendas de semimanufaturados aumentaram 3%, mas as exportações de manufaturados recuaram 4,2% em relação a setembro do ano passado.

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Em relação às importações , o crescimento foi puxado pela compra de combustíveis e lubrificantes (24,7%), influenciado pela alta na cotação internacional do petróleo. A aquisição de bens intermediários subiu 10%, seguida da compra de bens de capital (máquinas e equipamentos usados na produção), com alta de 5,9%. A importação de bens de consumo cresceu 1,1%.

Projeções para 2018

Para este ano, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) estima superávit comercial em torno de US$ 50 bilhões, o que seria o segundo melhor resultado da história
Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Para este ano, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) estima superávit comercial em torno de US$ 50 bilhões, o que seria o segundo melhor resultado da história

Em 2017, a balança comercial fechou com saldo positivo de US$ 67 bilhões, o melhor resultado da história para um ano fechado desde o início da série histórica em 1989. Para este ano, o MDIC estima superávit em torno de US$ 50 bilhões, o que seria o segundo melhor resultado da história.

O mercado está mais otimista. Na última edição do boletim Focus , pesquisa semanal divulgada pelo Banco Central, as instituições financeiras projetaram superávit de US$ 54,6 bilhões para este ano. No Relatório de Inflação divulgado na semana passada, o Banco Central previu resultado positivo de US$ 55,3 bilhões, com exportações de US$ 231 bilhões e importações em US$ 175,7 bilhões.

Nas contas externas, déficit

Ao contrário da balança comercial, que registrou superávit de US$ 4,971 bilhões, o saldo das contas externas de agosto (US$ 717 milhões) superou o déficit registrado no mesmo mês de 2017
Shutterstock
Ao contrário da balança comercial, que registrou superávit de US$ 4,971 bilhões, o saldo das contas externas de agosto (US$ 717 milhões) superou o déficit registrado no mesmo mês de 2017

As contas externas  do Brasil, por sua vez, apresentaram resultado negativo em agosto. O déficit em transações correntes, relativas às compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do país com outras nações, chegou a US$ 717 milhões. Os dados foram divulgados no último dia 24 pelo Banco Central (BC).

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O saldo das contas externas em agosto superou o déficit registrado no mesmo mês de 2017, de US$ 320 milhões. No acumulado dos oito primeiros meses de 2018, o resultado negativo chegou a US$ 8,901 bilhões, ante os US$ 3,168 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.

No mês passado, ao chegar a US$ 3,356 bilhões, o superávit comercial contribuiu para reduzir o déficit das contas externas. O índice, porém, ficou abaixo do saldo registrado em agosto do ano passado (US$ 5,330 bilhões) e, por ora, também não bateu o resultado do acumulado nos oito primeiros meses de 2017 (US$ 46,306 bilhões).

Segundo Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do BC, o fator determinante para o crescimento no déficit em transações correntes é o superávit comercial menor. “A razão para isso é o crescimento das importações, com impacto do Repetro [regime especial que suspende os tributos cobrados sobre bens destinados a atividades de exploração de petróleo e gás natural]”, disse.

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Rocha também explicou que, com o novo Repetro em vigor, as empresas não são mais beneficiadas com a exportação de plataformas de  petróleo . “Por isso, algumas plataformas feitas anteriormente estão sendo importadas. Isso é algo que contribui para a redução do superávit comercial”, destacou o representante do BC.

A melhor forma de financiar o saldo negativo das contas externas é o investimento direto no país (IDP), já que, desta forma, os recursos são aplicados no setor produtivo. Para setembro, a previsão é que o IDP fique em US$ 7 bilhões; no mês passado, o ingresso chegou a US$ 6 bilhões, o que deve ajudar a cobrir o déficit total.

Além das contas externas, a conta renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários), que também faz parte das transações correntes, ficou negativa em US$ 1,607 bilhão em agosto e em US$ 22,980 bilhões nos oito primeiros meses do ano.

A conta de serviços (viagens internacionais, transporte, aluguel de investimentos, entre outros), por sua vez, anotou saldo negativo de US$ 2,733 bilhões em agosto e de US$ 22,349 bilhões nos oito primeiros meses do ano.

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A conta de renda secundária, referente à renda gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens, por exemplo, teve  superávit de US$ 267 milhões no mês e de US$ 1,692 bilhão no acumulado de 2018.


*Com informações da Agência Brasil

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