As contas externas do Brasil apresentaram resultado negativo em agosto. O déficit em transações correntes, relativas às compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do país com outras nações, chegou a US$ 717 milhões. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (24) pelo Banco Central (BC).
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O saldo das contas externas em agosto superou o déficit registrado no mesmo mês de 2017, de US$ 320 milhões. No acumulado dos oito primeiros meses de 2018, o resultado negativo chegou a US$ 8,901 bilhões, ante os US$ 3,168 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.
No mês passado, ao chegar a US$ 3,356 bilhões, o superávit comercial - isto é, quando as exportações superam as importações - contribuiu para reduzir o déficit das contas externas. O índice, porém, ficou abaixo do saldo registrado em agosto de 2017 (US$ 5,330 bilhões) e, por ora, com US$ 34,735 bilhões, também não bateu o resultado do acumulado do ano passado (US$ 46,306 bilhões).
Segundo Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do BC, o fator determinante para o crescimento no déficit em transações correntes é o superávit comercial menor. “A razão para isso é o crescimento das importações, com impacto do Repetro [regime especial que suspende os tributos cobrados sobre bens destinados a atividades de exploração de petróleo e gás natural]”, disse.
Rocha também explicou que, com o novo Repetro em vigor, as empresas não são mais beneficiadas com a exportação de plataformas de petróleo . “Por isso, algumas plataformas feitas anteriormente estão sendo importadas. Isso contribui para a redução do superávit comercial”, destacou o representante do BC.
Além das contas externas, a conta renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários), que também faz parte das transações correntes, ficou negativa em US$ 1,607 bilhão em agosto e em US$ 22,980 bilhões nos oito primeiros meses do ano.
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A conta de renda secundária, referente à renda gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens, por exemplo, teve resultado positivo de US$ 267 milhões no mês e de US$ 1,692 bilhão no acumulado de 2018.
A conta de serviços (viagens internacionais, transporte, aluguel de investimentos, entre outros), por sua vez, anotou saldo negativo de US$ 2,733 bilhões em agosto e de US$ 22,349 bilhões nos oito primeiros meses do ano.
Para melhorar as contas externas, investimentos
Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o investimento direto no país (IDP), já que, desta forma, os recursos são aplicados no setor produtivo.
Em agosto, esses investimentos chegaram a US$ 10,607 bilhões; nos primeiros oito meses do ano, ficaram em US$ 44,379 bilhões. Por si só, esses resultados foram suficientes para cobrir o déficit em transações correntes.
Segundo Rocha, quatro setores da economia responderam por pelo menos 60% do IDP em agosto. “Temos o setor de petróleo, de celulose, extração de minerais metálicos e produtos químicos. Houve investimento mais significativos nesses setores e operações que se aproximaram de US$ 1 bilhão”, comentou.
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Para setembro, a previsão é que o IDP fique em US$ 7 bilhões. Neste mês, de acordo com dados preliminares levantados até o dia 20, o ingresso chegou a US$ 6 bilhões, o que deve ajudar a cobrir o déficit nas contas externas .
*Com informações da Agência Brasil