A Petrobras anunciou na manhã desta terça-feira (4) que a partir de amanhã (5) a gasolina ficará mais cara em todo País. O reajuste de 1,68% no litro em todas as refinarias e que deve elevar o preço da gasolina para R$ 2,2069 acontece apenas cinco dias depois do último reajuste que já tinha elevado o preço do litro de gasolina para o patamar de R$ 2,1704.
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Se confirmado, o preço da gasolina vai bater recorde. Desde que a Petrobras mudou a política de preços em 3 de julho do ano passado e passou a repassar as oscilações do preço da commoditie no mercado externo para o mercado nacional, esse será o valor mais alto já cobrado pelo litro do combustível.
Para se ter uma ideia, no acumulado dos últimos 30 dias, a alta no preço do litro de gasolina chegará a 13,38%. Pela nova metodologia da petrolífera brasileira em que os reajustes podem acontecer até diariamente, o preço no mercado interno reflete o preço internacional do barril de petróleo e a taxa de câmbio. Sobre esse segundo, vale lembrar que, apenas no mês de agosto, o dólar acumulou uma alta em relação ao real de 8,45%.
A Petrobras, no entanto, ressalta que a decisão de repassar o aumento do valor do combustível para o consumidor final é dos postos.
"Os preços médios informados consideram a média aritmética nacional dos preços à vista, sem encargos e sem tributos, praticados na modalidade de venda padrão nos diversos pontos de fornecimento, que variam ao longo do território nacional, para mais ou para menos em relação à média. Essa variação pode ser de até 12% para gasolina A”, informa a Petrobras.
De qualquer forma, o preço médio do litro de gasolina na bomba de combustível para os consumidores finais medido na semana passada estava em R$ 4,446 segundo pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, do Gás Natural e dos Biocombustíveis (ANP), o que representa um aumento de 0,38% na comparação com os sete dias anteriores. No ano, a média de preço da gasolina já acumula alta de 8,5% – bem acima da inflação de 4,16% esperada para 2018 .
Além disso, na última sexta-feira, após três meses de congelamento dos preços em decorrência de acordo do governo que pôs fim à greve dos caminhoneiros e que envolveu subsídio governamental ao produto, a Petrobras anunciou aumento de 13% no preço do óleo diesel comercializado nas refinarias do País.
Repasse no preço da gasolina gera lucro recorde
Mas se a nova política de preços da Petrobras está sendo alvo de críticas por conta dos constantes reajustes repassados aos consumidores, ela também está sendo extremamente positiva para a própria empresa.
"Influenciado principalmente pelo aumento das cotações internacioanis do petróleo", disse seu presidente Ivan Monteiro, "associado à depreciação do real em relação ao dólar", a Petrobas anunciou um lucro recorde de R$ 10,07 bilhões no segundo trimestre de 2018.
Esse resultado, além de ser o melhor obtido num trimestre desde 2011, também representa um crescimento de 45% em relação ao primeiro trimestre do ano, quando o lucro da estatal já tinha sido de outros R$ 6,96 bilhões.
Além disso, a empresa também comunicou que conseguiu reduzir o endividamento líquido em 13% quando comparado com o cenário de 2017, indo para US$ 73,66 bilhões, o menor desde 2012, graças à geração operacional e a entrada de caixa de US$ 5 bilhões com os desinvestimentos no semestre.
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Com isso, o novo valor devido pela Petrobras passou a corresponder a 3,23 vezes o lucro de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitida ajustado) – no fim de 2017, a proporção era de 3,67 e a meta da estatal é chegar em 2,5 – dessa forma a empresa também anunciou que iria antecipar pagamento de R$ 652 milhões aos seus acionistas.
O resultado extremamente positivo, portanto, foi muito comemorado pelo mercado financeiro, mas levantou muitas críticas de outros setores da sociedade. Isso porque, o lucro recorde da companhia aconteceu justamente no mesmo trimestre em que o Brasil atravessou a greve dos caminhoneiros que paralisou o País por 11 dias e gerou prejuízos para a economia nacional como um todo, transtornos para os cidadãos e uma tremenda dor de cabeça para o governo.
A greve, vale lembrar, tinha como principal pauta a revisão da política de preços dos combustíveis que a estatal implementou durante a gestão do ex-presidente Pedro Parente que pediu demissão em 1º de junho , logo após o fim da paralização.
A estratégia pensada pelo ex-presidente para reduzir a dívida e aumentar o lucro da Petrobras como vimos, comprova-se, deu certo para a companhia, mas cobrou seu preço da sociedade e não é exagero dizer que o governo também está tendo que pagar essa conta.
Isso porque quando os caminhoneiros, um das categorias mais afetadas pela alta dos combustíveis, resolveram não arcar com a alta dos preços sozinhos e entraram em greve, o governo teve que fazer um acordo para pôr fim à paralização que custará R$ 9,58 bilhões aos cofres públicos para dar o subsídio necessário para reduzir os R$ 0,46 prometidos aos caminhoneiros no preço do litro do diesel.
Esse valor corresponde a 11,5% do volume total estimado (R$ 83,3 bilhões) de subsídios destinados a outros setores para todo o ano de 2018.
Porém, para que fosse possível cumprir essa promessa, além de queimar R$ 6,2 bilhões de reservas de contingências previstas na Proposta de Lei Orçamentária Anual para 2018 (PLN 20/17) para esse ano e reservas de capitalização de empresas públicas de R$ 2,1 bilhões, o governo teve ainda que cortar cerca de R$ 1,2 bilhão de investimentos no Sistema Público de Saúde (SUS), na reforma agrária e no policiamento de rodovias.
Tudo isso aconteceu em meio a um ano em que, apesar de bater recorde de arrecadação de impostos , o governo teve um déficit de R$ 14,42 bilhões nas contas públicas apenas no mês de junho e prevê um déficit primário de R$ 157 bilhões para 2018 e de R$ 139 bilhões para 2019.
Em relação ao desempenho, a companhia sustenta que a tendência positiva já vinha sendo registrada em trimestres anteriores, com um lucro operacional 18% superior ao do primeiro semestre de 2017, totalizando R$ 34,5 bilhões. Fatores como menores despesas gerais e administrativas e menores gastos com ociosidade de equipamentos contribuíram para o resultado.
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A Petrobras, no entanto, se esquiva das críticas sobre a política de reajustes do preço da gasolina e dos demais combustíveis afirmando que a companhia sustenta uma tendência positiva que já vinha sendo registrada em trimestres anteriores, com um lucro operacional 18% superior ao do primeiro semestre de 2017, totalizando R$ 34,5 bilhões. O que teria ocorrido graças a fatores como menores despesas gerais e administrativas e menores gastos com ociosidade de equipamentos que contribuíram para o resultado.
*Com informações da Agência Brasil