A Federação Única dos Petroleiros criticou os lucros da Petrobras em meio à alta dos combustíveis. Nesta quinta-feira (28), a estatal anunciou que vai distribuir R$ 87,8 bilhões em dividendos a seus acionistas referentes aos resultados financeiros do segundo trimestre. O valor é recorde para um trimestre, de acordo com a estatal.
Para a FUP, o valor é "imoral" e "reduz a capacidade de investimento da empresa e representa transferência de renda do trabalhador brasileiro em meio à escalada de reajustes dos combustíveis e da inflação provocadas pela equivocada política de preço de paridade de importação (PPI)".
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A Petrobras está entre as companhias estatais às quais o governo solicitou alteração no repasse de dividendos para fazer frente aos gastos com a proposta de emenda à Constituição (PEC) Eleitoral. Caixa e BNDES também devem atender pedido do governo e ampliar distribuição de dividendos.
A Petrobras teve lucro líquido de R$ 54,3 bilhões no segundo trimestre, alta de 22% em relação aos primeiros três meses do ano. O lucro líquido no semestre, de R$ 98,9 bilhões, cresceu 124,6%. Porém, os investimentos em exploração e produção (E&P) caíram 14,7%, em dólar, na comparação semestral.
“O dividendo deste trimestre e os R$ 48,4 bilhões registrados no primeiro trimestre somam R$ 137,1 bilhões no semestre do ano, o que representa mais do que o ano passado todo e supera os dividendos pagos para um ano inteiro ao longo da história da Petrobrás. É recorde para um trimestre, é recorde para um semestre, é recorde para qualquer ano anterior”, destacou o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar.
Ele lembra que os valores são ainda maiores: “Observando o que foi pago em 2022 (R$ 38,3 bilhões), referente ao ano de 2021, chegamos a R$ 175,4 bilhões até setembro. Considerando que a Petrobrás ainda vai distribuir o resultado do terceiro trimestre neste ano, podemos atingir cerca de R$ 200 bilhões em 2022. É um escárnio, uma verdadeira festa de fim de governo. Festa da ilha fiscal 2”.
Para Bacelar, a política de dividendos é uma "perversa forma de concentração de renda", que beneficia sobretudo o setor privado. Desses 87,8 bilhões, 44,8% é direcionado a acionistas da empresa, enquanto R$ 32,1 bilhões ficam com a União.
O dirigente da FUP observou que “o aumento das receitas de vendas dos derivados no mercado interno, decorrente da alta dos preços reajustados pelo PPI, foi o principal fator dos elevados lucros operacionais da Petrobrás no segundo trimestre e nos primeiros seis meses do ano. O superlucro e a escalada da inflação caminham juntos”, afirmou.