Em entrevista ao podcast Podpah
, exibida na noite da última quinta-feira (2), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o atual mandatário, Jair Bolsonaro (PL), pela extinção do Bolsa Família e pela criação do Auxílio Brasil
no lugar do antigo programa. "Ele acha que o povo brasileiro é bobo, que vai votar nele só porque ele criou o Auxílio Brasil", afirmou Lula.
"O Bolsa Família foi eleito por diversas vezes o melhor programa de transferência de renda do mundo", continuou o petista. "Esse troglodita não precisava ter acabado com isso. Ele podia ter aperfeiçoado, poderia ter aumentado [o valor do benefício]. Ele queria acabar [com o Bolsa Família] ‘porque o programa era do Lula. Tinha que ter o programa do Bolsonaro'. O programa não era do Lula, era do povo brasileiro. O Lula não recebia o Bolsa Família".
O ex-presidente da República chamou Bolsonaro de "anomalia política" e disse que o atual chefe do Executivo "não sabe respeitar o ser humano". Lula ainda questionou o motivo pelo qual existem mais de 19 milhões de pessoas passando fome no país atualmente . Em 2009, penúltimo ano de seu mandato, eram 11,2 milhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"Não é porque falta comida, falta dinheiro para as pessoas comprarem", disse ele. "Quando nós criamos o Bolsa Família, o que a elite brasileira falava? 'Ah, o Lula tá criando vagabundo. Essas pessoas não querem mais trabalhar. As pessoas só querem fazer filho para poder ganhar mais'. Está cheio de gente que acha que o cara é pobre porque ele quer", criticou.
Economia
Durante a entrevista, Lula mentiu ao afirmar que foi o único presidente brasileiro a ser convidado para todas as reuniões do G8 — sigla usada para denominar as oito nações mais ricas do mundo. Em 2004, o ex-presidente deu uma entrevista ao jornal Folha de S. Paulo criticando a exclusão do Brasil do encontro do G8 naquele ano.
Leia Também
Leia Também
A reportagem afirmava que, após ter participado da reunião da cúpula em 2003, na França, o nosso país não foi convidado para o encontro no ano seguinte, quando os Estados Unidos foram os anfitriões. Na ocasião, Lula afirmou que o Brasil em breve voltaria a ser "a ser a sexta, a sétima ou a oitava economia mundial".
Isso, de fato, aconteceu, mas foi durante o governo Dilma. Em 2011, o Brasil se tornou a sexta maior economia do mundo, superando a Grã-Bretanha. Atualmente, o país ocupa a 13ª posição, segundo um levantamento da Austin Rating , divulgado nesta sexta.
Preço dos combustíveis e do gás de cozinha
O petista também se equivocou ao fazer um comentário sobre o preço da gasolina. "Por que a Petrobras está vendendo a R$ 8 o litro da gasolina, quando nós somos autossuficientes?". O Brasil tem, sim, uma boa quantidade de petróleo para a autossuficiência, mas a capacidade de refino do produto no país é muito abaixo da demanda interna.
Além disso, o valor do combustível é definido pela política de Preço de Paridade de Importação (PPI) da Petrobras, adotada em 2016, que considera a variação do preço do petróleo no mercado internacional. Nas refinarias, a gasolina custa R$ 3,19. Nas bombas, o preço médio do litro no país é de R$ 6,74, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Lula também afirmou que durante seus oito anos de governo, ele nunca aumentou o preço do gás de cozinha. Em dezembro de 2010, já no final de seu segundo mandato, o botijão custava, em média, R$ 38,30. A variação ao longo do período foi de cerca de R$ 0,20. Hoje, o custo médio é de R$ 102,60, também, em grande parte, por causa do preço do petróleo lá fora.