A menos de um ano para as eleições presidenciais, os pré-candidatos já estão a todo vapor para emplacar o próximo "Posto Ipiranga". O atual postulante do Planalto, Jair Bolsonaro, confirmou que seu ministro da Economia, Paulo Guedes, só deve sair junto com ele do governo.
Seus adversários, no entanto, atacam Guedes e buscam emplacar nomes que revertam a inflação enquanto falam sobre responsabilidade social atrelada à responsabilidade fiscal.
Veja o que esperar de cada candidato à Presidência:
Ciro Gomes
O ex-ministro Ciro Gomes segue tendo como nome principal ao cargo de ministro da Economia, o do deputado federal Mauro Benevides, que é ex-secretário de Fazenda do Ceará e participou da campanha de 2018 quando Ciro prometeu "tirar seu nome do SPC".
Benevides vê três fontes principais para retomada econômica: fim do teto de gastos, ampliação da capacidade de consumo das famílias via redução do endividamento e aumento dos investimentos públicos.
Esses componentes representam 80% do PIB quando analisado pelo lado da demanda.
“O investimento público está no chão. Eram R$ 100 bilhões em 2010 e estão agora em R$ 20 bilhões. E ninguém diz nada”, afirma o pedetista ao Estadão.
Luiz Inácio Lula da Silva
Liderando as pesquisas, o ex-presidente Lula não pretende antecipar nenhum nome e só anunciará o ministro após as eleições, caso vença. Por enquanto, a estratégia é centrar o debate para si e evitar nomes atrelados ao petismo e aos governos da ex-presidente Dilma Roussef.
“Ele é o porta-voz dele mesmo”, diz a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR). Por outro lado, economistas com ligações com o partido, como Guilherme Mello, da Unicamp, e o ex-ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, estão apresentando propostas para a recuperação econômica e o crescimento do País em 2023.
Em viagem pela Europa na semana passada, defendeu "incluir o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda", indicando uma possível reforma tributária que não foi feita durante os anos de PT no poder.
Nos discursos, criticou a gestão Bolsonaro/Guedes que teria feito "o Brasil voltar ao mapa da fome". Pensando nisso, campanha deve ser pautada pelo controle da inflação, elevação do salário-mínimo e a recriação do Bolsa Família, programa que acabou no governo atual e foi substituído pelo Auxílio Brasil.
Sérgio Moro
O ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, apesar dos elogios a Guedes quando integrante do governo, agora quer distância da política econômica do ministro. O pré-candidato admitiu receber "conselhos" do ex-presidente do Banco Central, Affonso Celso Pastore.
Pastore participou de audiência pública na Câmara dos Deputados sobre a dívida pública brasileira onde disse ter restrições ao teto de gastos, criticou o presidente da Casa, Arthur Lira, e classificou a PEC dos Precatórios somo "clientelismo político de péssima qualidade".
Pastore escolheu como foco de política o combate à pobreza, crescimento com distribuição de renda e a retomada da responsabilidade fiscal.
Ele também criticou o auxílio emergencial , dizendo que foi "para gente demais".
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"Em um país que é avaliado por um economista que é o criador do Bolsa Família, chamado Ricardo Paes de Barros, que estima a pobreza absoluta no país, olhando por cima, em algo como 25 milhões de habitantes, foi dado os R$ 600 para 66 milhões de pessoas. Quer dizer, tinha gente que não tinha que receber", completou Pastore.
João Doria
Ainda disputando as prévias do seu partido , o governador de São Paulo, João Doria, tem como secretário da Fazenda o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que não deve fazer parte da campanha do tucano.
Meirelles pretende disputar uma vaga no Senado pelo seu Estado natal, Goiás, o que automaticamente lhe coloca fora de uma eventual campanha do governador, mas assessores de Doria afirmam que seguirá influenciando, informa o Estadão.
Se seguir os conselhos de Meirelles, Doria deve apostar em crescimento maior do que o restante do País, responsabilidade fiscal, reformas econômicas que abririam espaço para investimentos e concessões.
Eduardo Leite
Também disputando as prévias do PSDB, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, tem Aod Cunha como "homem forte" da Economia, o ex-secretário de Fazenda do RS deve focar o debate em desigualdade social e erradicação da pobreza infantil, um contingente de 17 milhões de crianças até 14 anos.
“Achamos que o nível de desigualdade, não só de renda, mas de uma maneira geral é muito disfuncional, inclusive para o crescimento”, disse ao Estadão.
Fora da África, o Brasil é o país com a maior concentração de renda. Além de distribuí-la de maneira mais igual, Cunha defende aumento da produtividade.
Bolsonaro
Se for reeleito, o presidente Jair Bolsonaro teria caminho indefinido. O tom de neoliberalismo assumido em 2018 caiu por terra durante o governo com aumento do gasto público, principalmente em ano eleitoral, e o desprezo pela pauta econômica deixam o cargo de postulante ao ministério da Economia em aberto.
O grande fiador do projeto neoliberal, Paulo Guedes, vê sua rejeição aumentar a cada dia, podendo fazer com que ele seja defenestrado antes mesmo das eleições.
O possível substituto seria o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, bolsonarista de carteirinha e principal promotor dos projetos sociais anunciados para alavancar a popularidade de Bolsonaro, como o auxílio emergencial e o Auxílio Brasil.
Guimarães é visto pelo mercado como "outro Paulo Guedes" e seguirá em viagem pelo Brasil com Bolsonaro para aumentar sua visibilidade.