Affonso Celso Pastore
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Affonso Celso Pastore

Apontado por Sérgio Moro como seu "guru" em assuntos de macroeconomia, o ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore afirmou nesta quinta-feira (18) que o auxílio emergencial de R$ 600 foi pago a muito mais gente do que deveria, o que representou um dos principais erros da política do ministro Paulo Guedes, na visão dele. 

Pastore participou de audiência pública na Câmara dos Deputados sobre a dívida pública brasileira onde disse ter restrições ao teto de gastos, criticou o presidente da Casa, Arthur Lira, e classificou a PEC dos Precatórios somo "clientelismo político de péssima qualidade".

Não preciso ir muito longe para dizer que houve um enorme desperdício na utilização dos recursos", afirmou o economista.

"Em um país que é avaliado por um economista que é o criador do Bolsa Família, chamado Ricardo Paes de Barros, que estima a pobreza absoluta no país, olhando por cima, em algo como 25 milhões de habitantes, foi dado os R$ 600 para 66 milhões de pessoas. Quer dizer, tinha gente que não tinha que receber", completou Pastore.

Para ele, a relação gasto/PIB, ao ser comparada com outros países, mstrou-se um exemplo de "gasto mal feito, de um erro de dimensionamento para aquilo que o governo podia gastar".

O auxílio emergencial chegou ao fim nesta sexta-feira (19) e  deixa 25 milhões sem renda após 16 meses . De acordo com Daniel Duque, pesquisador da área de Economia Aplicada do FGV IBRE, no auge dos efeitos do benefício, a pobreza diminuiu no país, mesmo diante da pandemia. Em 2019, 6,6% dos brasileiros estavam em extrema pobreza e 24% em pobreza não extrema. Em julho de 2020, no entanto, essas taxas tinham caído para 2,4% e 20,3%.

Ministro de Moro?

O ex-presidente do Banco Central (BC), Affonso Celso Pastore, negou  "estar fazendo jogo" para se tornar ministro da Economia de um possível governo caso Sérgio Moro seja eleito presidente da República. Pastore, no entanto, disse que está oferecendo "uma cooperação espontânea de um cidadão que a vida inteira deu aula de economia e acumulou conhecimento".

Pastore foi ventilado como  "Posto Ipiranga" de Moro  em entrevista ao programa do Pedro Bial, da TV Globo. "Eu vou revelar um [nome], e vou pedir escusas para não revelar outros: no nível macroeconômico quem tem me ajudado é um economista de renome, um dos melhores nomes do país, alguém que eu conheço há muito tempo, que é o Affonso Celso Pastore”, disse Moro.

Na sua filiação ao Podemos, o ex-juiz prometeu uma "força tarefa" para combater a miséria. 

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"Uma das prioridades do nosso projeto será erradicar a pobreza, acabar de vez com a miséria. Isso já deveria ter sido feito anos atrás. Para tanto, precisamos mais do que programas de transferência de renda como o Bolsa Família ou o Auxílio Brasil. Precisamos identificar o que cada pessoa necessita para sair da pobreza", discursou.

Críticas à Lira

Depois de criticar o gasto mal feito, foi a vez de Arthur Lira ser o alvo de Pastore. O presidente da Câmara é um dos desafetos de Moro no mundo político. 

"Do mesmo jeito [gasto desnecessário] que está sendo feita agora, tem emenda de relator que está mandando dinheiro pra deputado cujo  pai é prefeito de Alagoas [o pai de Lira é prefeito de Barra de São Miguel]. Desculpa ser duro. Mas esse é um cidadão que está vendo esse tipo de alocação de recursos e que se revolta", afirmou o economista.

Teto de gastos

O regime que limita o aumento de gastos à inflação e proíbe aumento de despesas por emissão de dívidas também não faz os olhos de Pastore brilhar. 

"Não acho que esse é o melhor regime [do teto de gastos] que o país podia ter. Ele não tem que ter uma rigidez dessa natureza, ele tem que ter obediência a critérios de como gastar, como retorno etc."

Pastore também criticou a PEC dos Precatórios, aprovada na Câmara, onde discursava, e atualmente no Senado.

"Não tenho nada contra você estourar um teto de gasto para fazer uma ajuda emergencial como foi feita agora, entre R$ 30 e R$ 40 bilhões. Mas eu tenho muito contra você dar um calote em cima de precatórios e abrir R$ 16,6 bilhões em emendas secretas, mais o fundo partidário. Isso não é forma de fazer política fiscal. Isso é clientelismo político de péssima qualidade, vocês deputados, me desculpe", completou.


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