Após a crise econômica da última semana gerada pelo anúncio de que o governo federal iria furar o teto de gastos para pagar o Auxílio Brasil, o presidente Jair Bolsonaro foi a um evento público em Brasília neste domingo acompanhado do ministro da Economia Paulo Guedes. Em uma entrevista coletiva, Guedes voltou a defender o pagamento do benefício de R$ 400 às famílias mais pobres e disse que a aprovação de reformas propostas pelo governo, como a administrativa e a do Imposto de Renda, compensariam o furo do teto.
Bolsonaro também negou a possibilidade de que Guedes deixasse o governo. Ao ser questionado sobre o assunto, afirmou: "A gente vai sair juntos (do governo), fique tranquilo".
Na entrevista, Guedes pediu que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), dê andamento às reformas propostas pelo governo e chegou a criticá-lo pelo lançamento de sua pré-candidatura à Presidência da República.
"Se ele quiser se viabilizar como uma alternativa séria, ele precisa ajudar nosso governo a fazer as reformas", afirmou Guedes.
Para o ministro, a reforma administrativa seria uma compensação ao furo do teto de gastos e atenuaria as desconfianças que surgiram sobre as finanças do governo após o Auxílio Brasil.
Leia Também
"Ele (Bolsonaro) tá pedindo exatamente isso: como é que a gente resolve esse problema? Aí a economia tá dizendo pra ele: presidente, vamos avançando com as reformas, se fizermos a administrativa, nós economizamos R$ 300 bilhões. Então qualquer pessoa séria no Brasil vai entender. 'Olha, eles realmente empurraram um pouquinho mais aqui o teto, mas em compensação, gastaram 30 e economizaram 300. Então eles estão fazendo o dever de casa", afirmou Guedes.
O ministro disse que a fonte dos recursos seria, em um primeiro momento, proveniente da reforma do Imposto de Renda, mas reclamou que a proposta ainda não avançou no Senado. Em seguida, afirmou ser um defensor do teto de gastos, mas que era necessário "dar uma ajuda" aos brasileiros mais vulneráveis.
"Todos sabem que eu defendo o teto. O teto é uma bandeira nossa de austeridade. Nós somos um país que menos caiu, mais rápido voltou e está crescendo mais do que a média do mundo inteiro. Então nós fizemos um trabalho justamente com o apoio do presidente que botou o Brasil em pé. O Brasil tá caminhando e vai crescer cinco por cento esse ano, mais de cinco por cento esse ano. Então quando nós estamos caminhando alguns ficaram pra trás justamente como subiu o preço do combustível, subiu o preço da comida, e energia é cinquenta por cento do aumento dessa inflação toda no mundo", afirmou.
"O teto é um símbolo de compromisso com as gerações futuras. Mas se você perguntar pras gerações futuras 'nós vamos deixar dezessete milhões de famílias brasileiro passando fome?', eles vão dizer que não. Eles vão dizer o seguinte olha façam um outro sacrifício aí, por exemplo, a reforma administrativa que aí vocês poupam pra gerações futuras. Trezentos bilhões. E aí vocês podem dar os trinta bilhões", complementou o ministro.
Bolsonaro também voltou a se queixar da Petrobras e do aumento no preço dos combustíveis, afirmando que um novo reajuste deve ocorrer nesta semana.
"Eu não tenho como interferir na Petrobras. Tenho falado com Guedes sobre o que vamos fazer com ela no futuro. A gente não vai interferir no preço de nada. Infelizmente pelos números do petróleo lá fora infelizmente nós teremos reajuste no combustível", afirmou.