O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta quarta-feira (4) a compra da operação da Nike no Brasil pelo Grupo SBF, dono da Centauro . Apesar de ter autorizado a operação, o tribunal publicou um acordo com algumas regras e compromissos para o funcionamento das empresas.
A compra da Nike pela Centauro por R$ 900 milhões foi anunciada em fevereiro e prevê exclusividade na distribuição dos produtos da marca norte-americana por dez anos, inclusive de roupas, calçados e acessórios.
A preocupação do Cade é de evitar que a operação entre uma marca de vestuário esportivo e uma loja de produtos esportivos não afetasse a concorrência do setor. Para isso, as duas empresas se comprometeram a tomar políticas para evitar troca de informações confidenciais entre as empresas, como a assinatura de termos de confidencialidade pelos funcionários e manter equipes comerciais separadas.
O relator do processo, conselheiro Luiz Brado, apresentou um relatório favorável à operação e disse que não vê risco de fechamento de mercado para a Nike.
"Em essência, (acordo) pega tudo aquilo que já estava previsto na operação seja contratualmente assinado, seja como planos de execução das estruturas e formaliza isso em um único documento que facilita o monitoramento e controle e dá certa segurança para o Cade que a operação estará sob controle".
Na sessão que aprovou o acordo, o representante de Nike, advogado Bruno de Luca Drago, disse que a operação não é uma saída da Nike do mercado brasileiro, mas uma reformulação da política de distribuição dos produtos.
"É importante notar-se que o grupo Nike manterá sua autonomia, manterá sua independência com relação às estratégias comerciais, de posicionamento, supervisionando as atividades da SBF em relação a distribuição dos produtos Nike e a sua conformidade com as diretrizes legais do grupo Nike", pontuou.
Já Bárbara Rosenborg, advogada do grupo SBF, ressalta que a operação não “suscita preocupações de ordem concorrencial” e que o grupo não teria como discriminar concorrentes. Segundo ela, a compra servirá para ampliar as possibilidades de receita do grupo.
"Em ambiente no qual a competição no varejo é cada vez mais acirrada é fundamental para viabilidade do negócio da SBF que ela disponha de outras fontes de receita tendo em vista que o varejo especializado em nichos tem enfrentado desafios no Brasil e no mundo decorrente do posicionamento de outros gigantes como Amazon e Magazine Luiza, que tem uma atuação não nichada".