Com apoio de representantes dos empregadores no Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo aos Trabalhadores (Codefat), o governo rejeitou, nesta quarta-feira (4), a proposta das centrais sindicais de ampliar as parcelas do seguro-desemprego para trabalhadores demitidos durante a pandemia.
As entidades defendiam mais duas parcelas adicionais do seguro-desemprego para quem perdeu o emprego entre 20 de março e 31 de julho, mas a equipe econômica alegou impedimento legal.
A medida foi derrubada por 12 votos favoráveis contra seis dos dirigentes sindicais no colegiado, que é tripartite, ou seja, tem seis representantes do governo, seis das empresas e seis dos trabalhadores.
Técnicos da equipe econômica se reuniram previamente com representantes dos empregadores para fechar questão, segundo dirigentes sindicais. Havia expectativa de que o governo apresentasse uma proposta alternativa para pagar auxílio emergencial de R$ 600 aos desempregados que não tiveram acesso ao seguro-desemprego, mas isso não ocorreu.
De acordo com cálculos do governo, a ampliação do seguro desemprego beneficiaria 2,7 milhões de trabalhadores e teria impacto de R$ 7,3 bilhões.
A proposta vinha sendo estudada pelo governo há alguns meses. Inicialmente, estudos das áreas técnicas apontaram a possibilidade de ampliação do benefício, diante da situação de excepcionalidade criada com o decreto de calamidade pública em decorrência da pandemia, apesar de alertar que a medida contribuiria para o agravamento do resultado fiscal e consequente endividamento público.
O assunto já tinha sido discutido na última reunião do Codefat , mas o governo pediu mais tempo para analisar a questão e passou a alegar que a legislação não permite o pagamento de parcelas extras do seguro desemprego de forma generalizada, mas apenas para setores específicos, mais prejudicados pela crise.
Afirmou ainda que o custo adicional não poderia exceder a 10% das reservas líquidas do Fundo de Amparo ao Trabalhador e que o custo "supera muito esse percentual, consumindo grande parte da referida reserva".
Inicialmente, as centrais defendiam a ampliação do seguro-desemprego para demitidos entre março e dezembro, o que beneficiaria 6,5 milhões de desempregados a um custo de R$ 16,7 bilhões, segundo projeções oficiais.
Mas a ideia foi rejeitada pela equipe econômica sob alegação de que a despesa não poderia continuar em janeiro por causa do fim do período de calamidade pública, em 31 de dezembro. As entidades passaram a defender, então, uma solução alternativa para contemplar um publico mais restrito, mas foram derrotadas no colegiado.