Após o presidente Jair Bolsonaro vetar a criação do programa Renda Brasil e desautorizar secretário do Ministério da Economia , o ministro da pasta, Paulo Guedes, adiou participação em evento nesta terça-feira (15) para se encontrar com o presidente.
Após Waldery Rodrigues, secretário Especial de Fazenda do Ministério da Economia, sugerir que o governo poderia congelar as aposentadorias por dois anos
e ser levantada a possibilidade de cortes em auxílios para idosos e deficientes carentes
, tudo isso para financiar o Renda Brasil
sem aumentar os gastos do governo, Bolsonaro
disse que "Até 2022, no meu governo, está proibido falar a palavra Renda Brasil. Vamos continuar com o Bolsa Família e ponto final".
O presidente reagiu fortemente à fala do secretário de Guedes e desautorizou o técnico, que fez uma sugestão que gerou forte reação negativa das redes sociais e da mídia. Segundo Bolsonaro, a proposta seria "um devaneio de alguém que está desconectado com a realidade". Ele complementou ainda repetindo que "jamais tiraria dinheiro dos pobres para dar aos paupérrimos".
Guedes falaria no evento Painel Telebrasil 2020 nesta terça, às 9h. O compromisso passou para 9h30 e, após a decisão do encontro com Bolsonaro, sua fala passou para 12h. De acordo com a assessoria do evento, o ajuste seria justificado por "mudanças na agenda do ministro". Segundo a Reuters, Guedes foi ao Palácio do Planalto falar com Bolsonaro após o recuo do governo em relação ao Renda Brasil.
O Ministério da Economia não informou o motivo da visita de Guedes ao presidente fora da agenda, que ocorre em momento marcado por mais uma "intervenção" de Bolsonaro na economia. O presidente não gostou da reação negativa à ideia de congelar aposentadorias e prontamente tratou de rejeitar o plano e, mais ainda, o Renda Brasil, que seria substituto do Bolsa Família a partir de 2021.
O ponto central da questão é que o Renda Brasil seria mais caro para o governo, que não consegue aumentar seus gastos sem descumprir o teto de gastos no ano que vem. Segundo estudo da Instituição Fiscal Independente (IFI), entidade ligada ao Senado, de acordo com a proposta orçamentária para 2021, o governo ainda precisaria cortar mais de R$ 20 bilhões para seguir a lei .
Ainda assim, para que fosse criada a "marca" do governo Bolsonaro, o novo programa social, a equipe econômica buscava formas de cortar gastos para financiar o Renda Brasil, como o congelamento de aposentadorias, mas a hipótese parece ter sido a "gota d'água" para Bolsonaro, que proibiu a discussão e assegurou a permanência do Bolsa Família até o final de seu mandato, em 2022.