O corte no valor do auxílio emergencial
pode fazer com que muitas famílias sejam empurradas para as classes D e E
ainda este ano. De acordo com um estudo liderado por Marcelo Neri, diretor do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social), 13,1 milhões de pessoas haviam saído do grupo com renda per capita inferior a meio salário mínimo até julho, sobretudo por conta do auxílio de R$600.
Com o fim do auxílio emergencial no ano que vem, porém, a previsão é de que esse grupo de pessoas engrosse as classes D e E. Representando a base da pirâmide social, as faixas são as das famílias com renda mensal inferior a R$2,5 mil.
A redução do benefício que evitou que boa parte da população passasse fome , prevista para outubro, pode fazer com que a desigualdade aumente ainda este ano. “A medida vai diminuir o ganho de boa parte das pessoas que saíram da pobreza. Elas já devem voltar para o estrato mais baixo já ao longo deste ano”, afirma Marcelo ao Correio Braziliense.
Outra pesquisa, liderada consultoria Tendências , aponta que, ainda este ano, 3,8 milhões de domicílios brasileiros devem ser empurrados para as classes D e E. Ao todo, o estudo prevê que 15 milhões de habitantes devem passar a fazer parte da base da pirâmide social, sobretudo devido à piora da economia durante a pandemia de Covid-19 .
Além da queda no valor do auxílio emergencial , a falta de emprego também é apontada pelos especialistas como um dos motivos do aumento da desigualdade.
Ainda que um novo programa, como o Renda Brasil , seja lançado, o valor ainda seria inferior ao do auxílio. Isso dificultaria que a queda de parte da população para as classes D e E seja freada.