Consumo das famílias tem maior queda em 25 anos apesar de ter sido 'salva' pelo auxílio emergencial
Gabriel de Paiva/Agência O Globo
Consumo das famílias tem maior queda em 25 anos apesar de ter sido 'salva' pelo auxílio emergencial

desemprego elevado e as medidas de distanciamento social para frear o avanço da Covid-19 fizeram as famílias botarem o pé no freio na compra de bens, levando as despesas do consumo das famílias caírem 12,5% entre abril e junho, em relação ao primeiro trimestre deste ano. Foi o maior recuo da série histórica da pesquisa, iniciada em 1996 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As barreiras impostas pelo isolamento social impossibilitaram que as famílias fizessem compras como estavam habituadas, e também há o receio de fazer gastos diante de um cenário de incerteza econômica e fragilidade no mercado de trabalho.

Dados divulgados nesta terça-feira (1º)  apontam para uma queda de 9,7% no segundo trimestre . Os dados jogam o país novamente em uma recessão técnica, situação que o país não vive desde o fim de 2016.

Os números apontam para quedas recordes em praticamente todos os segmentos. Os serviços , responsáveis por 74% do PIB pela oferta, caíram 9,7%, maior perda em 25 anos. O segmento já não apresentava muita força no início do ano, tendo a situação agravada com a pandemia.

Nos últimos anos, o consumo das famílias tem sido o principal motor do PIB brasileiro. O peso do resultado é superior a 65%. Por isso, historicamente caminha com o desempenho da atividade econômica.

Você viu?

A queda só não foi maior por conta dos efeitos do auxílio emergencial . Como mostrou estudo feito por técnicos do Banco Central, o auxílio aumentou o consumo das famílias em municípios mais pobres, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, em comparação com o restante do país.

Segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais no IBGE, os programas de apoio financeiro do governo injetaram liquidez na economia. Também houve crescimento do crédito voltado às pessoas físicas, que compensou um pouco os efeitos negativos.

Economistas olham com preocupação para o consumo das famílias, diante do desemprego elevado. Especialistas afirmam que será de fato o maior desafio da retomada, assim como o controle da pandemia.

Por mais que bares e restaurantes tenham seu funcionamento permitido de maneira flexível, ainda falta confiança da população para voltar a consumir nestes estabelecimentos em um nível semelhante ao começo do ano. Além disso, com a renda prejudicada, o consumo deverá ser menor.

Estudo feito pelo pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcos Hecksher, apontou que desde março, a retração da renda do trabalhador bate recorde mês a mês. Mais de 8,9 milhões perderam o emprego entre abril e junho , segundo a Pnad Contínua.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!