Comércio fechado foi uma cena comum no segundo trimestre; serviços tiveram queda de 9,7%
Rosavena Rosa/Agência Brasil
Comércio fechado foi uma cena comum no segundo trimestre; serviços tiveram queda de 9,7%

O segundo trimestre de 2020 ficará marcado na história como período em que mais de  121 mil brasileiros morreram por Covid-19 e a economia foi atropelada pelo vírus, selando um desastre econômico e social sem precedentes. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (1º) indicam que a atividade econômica brasileira, o PIB, encolheu 9,7% entre abril e junho, na comparação com o primeiro trimestre deste ano.

Foi o pior resultado do PIB desde 1996, quando começa a série histórica trimestral do IBGE. Até então, a maior queda havia sido registrada no quarto trimestre de 2008, quando o mundo enfrentava a crise financeira das hipotecas (subprime).

Economistas ouvidos pela Reuters esperavam uma queda (mediana das projeções) de 9,4% para o período. O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no País.

Os dados jogam o país novamente em uma  recessão técnica , situação que a economia brasileira não vive desde o fim de 2016. Entre janeiro e março, a atividade já havia caído 1,5%. Segundo o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), dois trimestres seguidos de queda configuram recessão técnica. Já são dez períodos assim desde o início dos anos 1980.

A necessidade de distanciamento social fez com que o fechamento de empresas se repetisse em todos os segmentos. O período ficará marcado por recordes, quando gráficos mudaram completamente as escalas na tentativa de abranger o tamanho da queda da economia e o número de casos e mortes.

O resultado foi influenciado principalmente pelos dados de abril, mês no qual as medidas de restrição social foram mais severas. Nos meses seguintes, dados do IBGE indicavam uma melhora, mas até agora a atividade econômica segue abaixo do normal.

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A retração da economia resulta das quedas históricas de 12,3% na indústria e de 9,7% nos serviços . Somados, indústria e serviços representam 95% do PIB nacional. Ambas as quedas foram as maiores registradas em 25 anos, início da série histórica do IBGE. Já a agropecuária cresceu 0,4%, puxada, principalmente, pela produção de soja e café.

Pelo lado da demanda, a maior queda foi no consumo das famílias (-12,5%), que representa 65% do PIB.

Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) também recuaram 15,4%, por conta da queda na construção e na produção interna de bens de capital. Somente importação de bens de capital cresceu no período.

Foram mais de 8,9 milhões de brasileiros perdendo o emprego , mais de 40% dos domicílios recebendo  ajuda do governo para sustentar a renda e milhões buscando crédito e adentrando programas para não se endividar. Mais de 700 mil empresas fecharam as portas em poucos meses, em um movimento sem precedentes.

Especialistas afirmam que a queda da economia só não foi maior por conta dos efeitos do  auxílio emergencial de R$ 600 na renda das famílias. A injeção de R$ 50 bilhões na mão de mais de 66 milhões de brasileiros fez com que a roda da economia não parasse por completo, diminuindo o tamanho do baque.

O cenário para os próximos meses não é alentador. Dados preliminares mostram uma pequena melhora, mas a recuperação se torna incerta sob uma curva epidemiológica estacionada em um platô, com uma média de mil mortes por dia há quase três meses.

O Boletim Focus, que reúne expectativas de mais de cem analistas de mercado, indica uma gradual melhora das expectativas.  Nas últimas oito semanas, as projeções saíram de uma queda de -6,5% para -5,23%. Se confirmada, será a maior queda em mais de 120 anos.

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