O ministro da Economia, Paulo Guedes, prometeu, nesta quinta-feira (6), uma "redução drástica" de despesas do governo federal em 2021, após a ampliação nos gastos neste ano para combater o novo coronavírus (Sars-Cov-2) e seus efeitos econômicos.
Falando em inglês num evento organizado pela Fundación Internacional para la Libertad, Guedes afirmou que o governo gastou o equivalente a 10% do PIB em 2020 com programas de assistência por conta da pandemia.
"O déficit seria de 1% do PIB neste ano, mas vai chegar a 11% do PIB. Em 2021, voltamos à trajetória fiscal e reduzimos drasticamente o gasto", disse o ministro.
Em 2020, a previsão do governo é que o rombo nas contas públicas supere a marca de R$ 800 bilhões. A fala do ministro foi feita num momento em que cresce, dentro do governo, as pressões por mais investimento público .
Nas últimas semanas, tem aumentado a pressão de uma ala do governo por mais despesas com obras públicas como forma de aquecer a economia e pavimentar o caminho para a campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro em 2022.
Os pedidos por aumento de gastos partem de ministros como Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura).
Como vem repetindo, Guedes afirmou que a economia brasileira estava "decolando" antes da pandemia, e disse que o governo gastou mais que o dobro da média dos países emergentes com ações de combate à pandemia.
Você viu?
Ao citar o vencedor do Nobel de literatura Mario Vargas Llosa, que preside a instituição organizadora do evento, o ministro afirmou que a agenda liberal do governo de Jair Bolsonaro não foi alterada pela crise.
O ministro afirmou que o governo vai fundir "três ou quatro" programas sociais "que não funcionam" para criar o Renda Brasil , que o governo desenha para substituir o Bolsa Família . Esse programa, afirmou Guedes, vai adicionar 6 milhões de pessoas às 20 milhões que hoje fazem parte do Bolsa Família.
Guedes disse também que o governo irá propor, em até 60 dias, a privatização de "três ou quatro" grandes empresas públicas . "Eu acho que o Congresso estará ao nosso lado", afirmou, sem citar o nome das empresas a serem vendidas.
Segundo o ministro, as privatizações são uma estratégia para melhorar as contas públicas e o perfil da dívida do país. "Temos menos tempo, perdemos um ano em termos de espaço fiscal, mas ganhamos milhões de vidas, a economia continuou com os sinais vitais preservados", disse Guedes.
O ministro reafirmou que o governo não mira aumento nas receitas com a reforma tributária . E defendeu que a redução dos encargos trabalhistas está por trás do novo imposto sobre pagamentos eletrônicos estudado por sua equipe, a 'nova CPMF' .
"O novo imposto está sendo desenhado e estudado exatamente para substituir o imposto cruel sobre o trabalho que produziu 40 milhões de invisíveis nas ruas no Brasil", afirmou.
Guedes disse ainda que haverá aumento das receitas tributárias no país em função das iniciativas pensadas na reforma tributária e pontuou que, caso isso aconteça, as alíquotas serão reduzidas de imediato.