Com a manifestação de apoio de três governadores tucanos, o relator da reforma da Previdência, deputado Samuel Moreira (PSDB), fez um apelo nesta segunda-feira (3) para que outros chefes de governos estaduais se posicionem publicamente a favor da inclusão de estados e municípios na reforma. O parlamentar evitou fazer qualquer avaliação sobre as chances de o relatório final apresentar uma reforma restrita ao governo federal.
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Moreira almoçou nesta tarde com os governadores dos PSDB, João Doria (SP), Eduardo Leite (RS) e Reinaldo Azambuja (MS) na capital paulista. Ao deixar o encontro, ele disse que o gesto dos tucanos deveria servir de exemplo aos demais governadores.
"É muito importante que cada governador se manifeste neste momento. O déficit da Previdência dos estados e municípios é de R$ 96 bilhões. Se projetarmos esse valor para dez anos é praticamente a meta que o governo federal pretende economizar com a reforma. Não faz sentido equacionar a Previdência do governo federal e deixar estados e municípios de lado", afirmou o deputado.
Na manhã desta segunda-feira, o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida , fez apelo semelhante ao do relator da reforma .
Moreira reafirmou que pretende concluir o texto da reforma da Previdência entre quinta-feira (6) e segunda-feira (10) da próxima semana. Ele também disse que vai apresentar um relatório que esteja de acordo com o desejo da maioria dos líderes partidários.
Perguntado se havia recebido manifestação de apoio de outros chefes estaduais, Samuel Moreira disse que não.
Atuação conjunta
Doria, Leite e Azambuja repetiram nesta tarde que estão atuando para convencer deputados do PSDB e de partidos de suas bases políticas a apoiarem uma reforma para os três níveis de governo.
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O empenho dos governadores tucanos , entretanto, não garante a mobilização suficiente para que estados e municípios sejam incluídos na reforma da Previdência. Os deputados paulistas, gaúchos e sul-matogrossenses da bancada do PSDB somam apenas 11 votos.
Para não piorar ainda mais os ânimos na Câmara, o relator da Previdência destacou que, apesar da ajuda dos governantes, a autonomia do voto cabe a cada parlamentar e que é o momento de "diálogo e não pressão". "Não estamos aqui para colocar no relatório nossas convicções pessoais. Estamos num processo de convencimento e vamos conversar com os deputados até o último momento", disse Moreira.
A avaliação reservada entre os governadores tucanos é de que o cenário é difícil, mas eles mantém o discurso de que não existe "plano B" para a reforma e que todos devem trabalhar para que as mudanças na Previdência sejam amplas e para todos os entes da federação.
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Desde a semana passada, iniciou-se na Câmara um movimento por parte de deputados para que a reforma da Previdência a ser votada no Congresso não se estenda automaticamente a estados e municípios. Os parlamentares tentam evitar desgaste político em suas bases eleitorais perto das eleições municipais.