Marcado pelo otimismo do mercado financeiro quanto às reformas estruturais previstas, o primeiro mês do governo de Jair Bolsonaro (PSL) trouxe recordes consecutivos do Ibovespa, que terminou o período com variação positiva de 10,82%. Depois de fechar 2018 em 87.887 pontos, o índice, principal indicador de desempenho da Bolsa de Valores (B3), chegou a 97.393 pontos no pregão desta quinta-feira (31).
A reforma da Previdência, cuja proposta só deve ser apresentada ao Congresso Nacional na terceira semana de fevereiro, foi a grande responsável pela euforia dos investidores e a consequente disparada do Ibovespa . As perspectivas para os próximos dias seguem positivas, influenciadas principalmente pela recente declaração do vice-presidente, general Hamilton Mourão , quanto à polêmica inclusão dos militares nas mudanças.
A intenção do governo de privatizar diversas estatais também anima o mercado financeiro. Em janeiro, os papéis da Eletrobras, por exemplo, registraram alta de 53,94%, enquanto os da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), que já teve sua venda sinalizada pelo governo paulista, subiram 36,54%. Destaque também para a Taurus, afetada diretamente pela flexibilização da posse de armas, que saltou 33,33% neste mês.
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O mercado também está otimista com a agenda econômica do ministro Paulo Guedes , protagonista da equipe de Bolsonaro e até apelidado de "Posto Ipiranga" pelo novo presidente quando este ainda era candidato. A expectativa é de que, com o fim do recesso no Legislativo e a formação das mesas diretoras de cada casa no Congresso, o governo poderá apresentar e levar propostas de viés mais liberal adiante.
Sistema de pontos
Criado em 1968, o Ibovespa é o resultado de uma carteira hipotética de ações das principais empresas que compõem a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3 (antiga BM&FBovespa). Ao todo, a B3 engloba mais de 300 empresas, mas cerca de 65, que são responsáveis por 80% dos valores negociados diariamente, pertencem ao Ibovespa.
Dentre as ações que integram o índice, estão as de empresas como a Ambev (ABEV3), Petrobras (PETR3 e PETR4) e Vale (VALE3). O peso de cada um desses papéis varia diariamente, de empresa para empresa: hoje, a participação do primeiro, por exemplo, é de 4,98%; dos restantes, de 5,08%, 7,07% e 9,11%, aproximadamente.
Quanto maior a fatia de participação de uma ação, maior o seu poder de influência sobre o desempenho do Ibovespa. Uma queda acentuada nos papéis da Vale, como as registradas após a tragédia em Brumadinho (MG) , pode trazer todo o índice para baixo. Do mesmo modo, uma alta expressiva nas ações da EcoRodovias (ECOR3), que têm peso de apenas 0,14%, não deve fazer diferença para o desempenho do Ibovespa.
De forma resumida, os pontos divulgados no noticiário representam o preço das ações que compõem o índice multiplicado pela quantidade teórica de ações, que é divulgada diariamente pela própria B3. Anunciar que o Ibovespa encerrou o dia em 97.393 pontos, como aconteceu hoje, é como dizer que um investidor hipotético que queira comprar os mesmos papéis pertencentes ao índice deve desembolsar exatamente R$ 97.393,00.
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Essa carteira hipotética de ações é reformulada pela B3 a cada quatro meses, mas a metodologia do sistema de pontos é a mesma desde a criação do Ibovespa , tendo passado apenas por algumas readequações para facilitar sua divulgação. A última foi em 1997, quando o total de pontos foi dividido por 10. A lista de empresas que integram o índice pode ser consultada a qualquer momento no site oficial da B3 .