Como esperado, o mercado financeiro reagiu negativamente ao rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, Minas Gerais. Na primeira sessão após a tragédia ocorrida na última sexta-feira (25), quando a Bolsa de Valores não operou por conta do feriado em São Paulo, as ações da mineradora caíram 24%, fazendo a empresa perder R$ 69,4 bilhões em valor de mercado.
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As ações da Vale (VALE3), que têm peso de 11,39% na composição do Ibovespa, chegaram a entrar em leilão no início do pregão e foram as grandes responsáveis pelo recuo de 2,29% no índice. Em paralelo, os papéis do Bradespar, principal acionista da mineradora, caíram 24%.
As preocupações dos investidores sobre a Vale também afetaram os papéis da empresa no exterior. Pela manhã, as ações da mineradora na Bolsa de Nova York chegaram a cair 16% no pré-mercado, isto é, no período de negociações antes da abertura do pregão. Na sexta-feira, dia da tragédia, o recuo foi de 8%.
Nesta segunda-feira (28), a empresa anunciou que seu Conselho de Administração decidiu suspender o pagamento de dividendos, de remunerações aos acionistas (juros sobre o capital próprio) e de remunerações variáveis (bônus). Desde o incidente em Brumadinho , quatro decisões da Justiça de Minas Gerais já bloquearam R$ 11,8 bilhões em recursos da Vale . As multas já somam R$ 350 milhões.
Diversos bancos e instituições financeiras, segundo apurado pelo Valor Econômico , já cortaram suas recomendações para os ativos da mineradora. A agência de risco Standard & Poor's (S&P) colocou a nota de crédito da empresa e de suas subsidiárias em observação para rebaixamento já na noite de sexta, baseada nas consequências negativas da tragédia.
Mortos e desaparecidos
As buscas por sobreviventes do desastre em Brumadinho continuaram na manhã desta segunda-feira, o quarto dia seguido de operação contínua do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais. Por ora, 386 vítimas foram resgatadas com vida. A Defesa Civil também atualizou o número de mortes , que subiu de 58 para 65 desde ontem.
Até o momento, de acordo com a Defesa Civil, ainda há 279 pessoas desaparecidas. Até o final da noite de ontem, apenas 19 dos 65 mortos confirmados haviam sido identificados, o que indica que parte dos desaparecidos pode ter sido encontrada, mas ainda não foi devidamente reconhecida.
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Ainda neste domingo (27), o tenente-coronel Flávio Godinho, coordenador da Defesa Civil de Minas Gerais, afirmou que um segundo ônibus soterrado foi encontrado com pessoas mortas. Esses óbitos ainda não foram contabilizados nos dados oficiais, mas a estimativa é de que haja cerca de 20 vítimas fatais apenas no coletivo. As operações de resgate continuam amanhã.