Marcelo Camargo/Agência Brasil
"Um Banco Central autônomo deve abrir espaço para os avanços de que o País precisa", disse Roberto Campos Neto

No primeiro discurso como novo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto defendeu a autonomia formal da instituição e garantiu que buscará manter a inflação em níveis baixos e controlados. O economista também prometeu continuar a aprimorar a transparência na comunicação do BC com a sociedade.

“Além de trabalhar para manter as conquistas, é necessário avançar. E, nesse sentido, acreditamos que um Banco Central autônomo estaria melhor preparado para consolidar os ganhos recentes e abrir espaço para os novos avanços de que o país tanto precisa”, declarou Campos Neto nesta quarta-feira (13), durante sua cerimônia de posse.

Indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes , Campos Neto só chegou ao cargo no fim de fevereiro porque precisou ser sabatinado pelo Senado Federal e ter o nome aprovado. Na cerimônia de transmissão de cargo, ele disse estar orgulhoso de trabalhar com Guedes. “As reuniões no Leblon [durante a campanha eleitoral] não serão esquecidas. Realmente estamos numa orquestra bem afinada sob a regência do maestro Paulo Guedes”, disse.

Campos Neto ressaltou que se empenhará para que o Banco Central cumpra as duas principais missões: manter o poder de compra da moeda por meio de inflação baixa e a solidez do sistema financeiro. Na próxima semana, o presidente do BC comandará sua primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), órgão que define a taxa Selic, os juros básicos da economia.

Durante a cerimônia, Campos Neto também afirmou que o governo trabalhará para ampliar o mercado de capitais privado (captação de recursos para grandes projetos pelo setor privado), pela democratização do sistema financeiro e para melhorar a educação financeira da população, estimulando a participação de todos e ampliando a formação de poupança.

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O novo presidente do BC ainda defendeu a redução do crédito subsidiado para empresas, principalmente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para Campos Neto, as distorções provocadas pelos empréstimos com juros reduzidos ficaram mais explícitas depois da redução da Selic para 6,5% ao ano, seu mínimo histórico.

Palavras do ex-presidente

Para Ilan Goldfajn, a maior transparência do Banco Central contribuiu para reduzir os níveis de inflação na sua gestão
José Cruz/Arquivo/Agência Brasil
Para Ilan Goldfajn, a maior transparência do Banco Central contribuiu para reduzir os níveis de inflação na sua gestão

Na cerimônia, o ex-presidente do BC, Ilan Goldfajn , fez um balanço de sua gestão. O economista lembrou que conseguiu reduzir a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 11% no fim de 2015 para cerca de 4%, ao mesmo tempo em que reduziu a Selic. Segundo Goldfajn, a maior transparência do BC e o ganho de credibilidade contribuíram para reduzir as expectativas de inflação.

O ex-presidente, porém, defendeu a aprovação de reformas e da autonomia formal do BC para manter a inflação em níveis baixos de forma sustentada. “A queda na inflação permitiu redimensionar expectativas e liberar forças de demanda. A redução da Selic ocorreu de forma sustentável. Os juros de mercado indicam confiança de que podemos ter juros mais baixos de forma estrutural no futuro, dependendo da aprovação reformas”, declarou.

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Segundo Goldfajn, sua política monetária buscou manter juros baixos para aquecer a economia. O ex-presidente do Banco Central disse que uma prova do sucesso de sua gestão foi que, em 2018, o Brasil não precisou aumentar a Selic mesmo em um cenário adverso. “Em um ano em que a maioria dos emergentes elevou as taxas básicas, evitamos retirar estímulo monetário tão necessário para a recuperação da economia brasileira”, comemorou.


*Com informações da Agência Brasil

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