Cesar quer o que é seu por direito, nem mais, nem menos. Está lhe sendo negado um direito fundamental. Ele não consegue se aposentar porque os bancos de dados (BD) do Governo contém UMA data errada. No dia 2 de setembro completou 65 anos de idade, e passou a ter direito a se aposentar.
Ter uma informação errada num banco de dados é um pesadelo. BDs gostam de guardar dados. Não de apagá-los, mesmo que estejam desatualizados ou simplesmente errados. Foi o que ele descobriu em 28 de setembro, quando baseado nas suas mãos calejadas no trato com o Estado Brasileiro, levou ao posto do INSS aqui perto, ao lado do parque da Água Branca, cópias de todos os documentos comprobatórios necessários e suficientes para os cálculos de sua aposentadoria.
A funcionária que o atendia não se espantou com o acervo que Cesar apresentou. Está acostumada com calos e outros tipos de lesões e marcas que o Estado impõe aos seus cidadãos. Ela cotejou os números do seu computador plugado na "nuvem” com o que recebeu de Cesar, e viu a diferença. Orientou-o a pedir a retificação, até porque o erro lhe pareceu ser de digitação.
Passados mais de 30 dias, voltou ao posto e a mesma funcionária lhe disse que o assunto estava “em estudos”, o que achava estranho.
O Cesar é meu vizinho aqui na Barra Funda de Cima (SP). Tem 65 anos e cumpriu todos os requisitos para se aposentar, ou seja, pagou seus impostos. Ele solicitou ao INSS a retificação dos dados. Agora tem que aguardar alguém que olhe seu pedido, veja o erro e proceda a alteração. Olhando assim parece simples, mas na prática vai demorar. Isso se deve as dificuldades do INSS com o pessoal – a falta dele -, e as autorizações para alterar o banco de dados, que são bastante limitantes.
Uma alteração desse calibre pode ser feita em três minutos. Ele fez o pedido de retificação dia 28/9, está em análise, ou seja, na gaveta.
A Cesar resta o sentimento de ser uma espécie de Don Quixote: lutando com um enorme monstro. Não devia ser assim. O processo de retificação devia ser claro, inteligível e auditável. Mas nossos cidadãos conhecem bem o Estado Brasileiro e seus recorrentes hábitos de desprezar, discriminar e criminalizar os trabalhadores.
Mas o Estado devia estar atento a um detalhe: ele se chama Cesar, que é o título imperial Romano, do comandante das legiões romanas. Ele não tem soldados, mas tem advogados. E logo teremos mais uma ação judicial. Assim nos conformamos com o Estado que tudo pode, mas não cuida do seu povo.