Você já ouviu falar em Selic ? O termo é muito comum nos noticiários ao falar de economia . Apesar de ser muito conhecido, o nome pode trazer dúvidas para quem não é especialista em mercado financeiro. Nesta quarta-feira (11), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vai anunciar se eleva ou não a taxa de juros após a última reunião sob o comando do presidente Roberto Campos Neto nessa terça (10).
A taxa básica deve subir 0,75 ponto percentual, passando para 12% ao ano, segundo o último Boletim Focus divulgado nesta semana.
O economista Geraldo Almeida explica que a Selic , ou Sistema Especial de Liquidação e de Custódia , é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ou seja, ela serve como referência para outras taxas de juros no país, como empréstimos bancários, financiamentos e investimentos.
“A taxa Selic baliza a economia para tudo. É um sistema administrado pelo Banco Central em que você transaciona e deposita os títulos públicos, então qualquer coisa precisa passar por esse sistema de liquidação”, explica.
Conforme o economista, a Selic é uma taxa que serve de base para os outros setores da economia. Para controlar esses valores existe o Comitê de Política Monetária (Copom), que é um órgão formado pelo presidente e diretores do Banco Central. A reunião acontece a cada 45 dias e decide qual será o valor da taxa básica de juros daquele momento.
“Quando tem a reunião do Copom, ele define a taxa básica de juros que vai ser negociada na Selic, por isso que fala taxa Selic, que vai ser negociada os títulos públicos. Então, a cada 45 dias, o Banco Central faz a reunião e define essa questão de alta ou baixa da Selic”, diz Almeida.
Por que o Banco Central usa essa taxa?
A taxa Selic é um dos principais instrumentos de política monetária utilizados para controlar a inflação.
A Selic representa a taxa média praticada em operações financeiras de curto prazo, feitas com títulos públicos federais. Já os títulos públicos são investimentos que integram a classe da renda fixa, como os CDBs (certificados de depósito bancário) e a poupança, por exemplo.
Essas transações são realizadas diariamente no mercado financeiro, e o Banco Central intervém para garantir que a Selic efetiva esteja alinhada à meta definida pelo Copom .
“Para 2024/2025, o centro da meta é 3%, mas tem uma tolerância que pode subir 1,5% e ficar em 4,5% ou descer para 1,5%, porque descer mais que 1,5% é perigoso”, ressalta Almeida.
O que essa taxa faz?
Quando o Banco Central aumenta a Selic, as taxas de juros de produtos financeiros, como empréstimos e financiamentos, também sobem. Essa medida tem o objetivo de conter o consumo, reduzindo a demanda por bens e serviços. Com menos pressão sobre os preços, a inflação tende a recuar.
Por outro lado, quando a inflação está controlada, o BC pode reduzir a taxa Selic . Com isso, os juros cobrados pelos bancos ficam mais baixos, facilitando o acesso ao crédito e estimulando o consumo. Esse movimento busca equilibrar o crescimento econômico com a estabilidade de preços.
“Quando o consumo está mais baixo, baixa a taxa de juros para melhorar o consumo e você acaba, por exemplo, fazendo financiamento. O grande problema é quando você faz o financiamento de longo prazo e toma alta. Geralmente, você faz um financiamento de 24 e 36 meses e acaba carregando a taxa nas costas. Mas é importante olhar essa taxa para ver como está a economia”, explica o especialista.
IPCA
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é considerado a inflação oficial do país. Em novembro de 2024, o índice subiu 0,39%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Como resultado, o preço de alimentos e bebidas aumentou (1,55%), seguido pelo aumento nos preços das carnes (8,02%), no grupo de Transportes (0,89%), que foi impulsionado pela alta nos preços das passagens aéreas (22,65%). As despesas pessoais também subiram (1,43%).
O IPCA mede a variação dos preços de produtos e serviços que são consumidos pelos brasileiros, com renda entre 1 e 40 salários mínimos. O cálculo considera o preço de produtos básicos utilizados pela população e é feito uma vez por mês.
“Eles olham os vários indicadores de inflação, como corte de renda, corte de salários mínimos. Conforme vai caminhando, vai calculando. Tem índice da GV, índice da USP, que é o da FIB, índice do IBGE (que é o IPCA). Eles [Copom] vão olhando esses indicadores e fazendo essa perspectiva do que pode acontecer com a inflação. Olhando isso, eles começam, ou aumenta ou diminui a taxa Selic. Não é aleatório, ‘vou subir porque eu quero’. Eles contratam todos esses indicadores. Isso também é a questão dos títulos públicos”, explica Almeida.
O economista ressalta que é importante o Banco Central ter autonomia para que se controle a inflação. “Você tem uma briga que é um pouco mais política do que econômica, é arriscado você com a inflação baixar a Selic, porque você pode estimular o consumo e o consumo das famílias está bom. É importante você ter essa separação entre política econômica e política de governo”, ressalta.
Para Almeida, quando o Banco Central é independente, ele vai definir as regras da taxa. “Por isso que está dando esse burburinho, que os juros estão muito altos, que não estimula a economia. Isso porque, mesmo com o juros altos, está tendo consumo”, explica.
Como devo investir?
O economista ressalta que, para investir, primeiro é preciso conhecer os títulos pré-fixados e o mercado pós-fixado.
“O que isso significa? Você ganha juros mais a inflação. Esse é o pós-fixado, você espera sair a inflação e você irá ganhar os juros”, diz.
Já o pré-fixado, você sabe o que vai receber no futuro. Se calcular o preço da inflação, a pessoa pode perder dinheiro, em vez de acumulá-lo.
“Se você faz um investimento em pré-fixado, você corre o risco de perder. Quando a tendência de inflação é alta, é melhor fazer uma aplicação pós-fixada, porque você tem a inflação garantida e mais a taxa de juros. No cenário que você está em dúvida, procure um pós-fixado. Então, você tem vários títulos nos bancos e fica a gosto do freguês”, explica Almeida.