Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, declarou nesta quarta-feira (28) que os juros "escandalosos" e os impostos elevados são os responsáveis pelo baixo crescimento do Brasil nas últimas décadas.
“Lá fora, o juro real é zero e aqui é de 7%, 8%. Outro [problema] são os impostos, mas a reforma tributária vai ajudar a simplificar a carga tributária e irá desonerar a indústria, investimentos e exportações”, disse o vice-presidente para a GloboNews.
Na entrevista, o vice-presidente também abordou o programa de depreciação "superacelerada" anunciado pelo governo, que contará com incentivos de R$ 3,4 bilhões para a indústria em 2024 e 2025. O vice-presidente enfatizou que o montante está previsto no Orçamento e que o programa visa enfrentar dois desafios econômicos: o baixo investimento e a baixa produtividade.
Recentemente, a pasta encaminhou um projeto que propõe o desconto de impostos para indústrias que investirem na aquisição de novas máquinas. Os benefícios incluem reduções no Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e na Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
A iniciativa busca incentivar os setores econômicos a investirem em novos equipamentos, aparelhos e instrumentos. Por meio da modernização das fábricas brasileiras, o governo almeja um aumento na produtividade.
Juros
A taxa básica de juros, Selic
, foi o assunto central da disputa entre as políticas fiscal e monetária do Brasil em 2023. As decisões em torno da taxa delinearam os rumos das prioridades do governo na política econômica no primeiro ano de mandato.
Desde o começo, a equipe econômica do governo defende que a inflação brasileira é uma questão de oferta, logo, não poderia ser combatida com a queda da taxa básica de juros. A Selic é o principal instrumento utilizado pelo BC para controlar a inflação, que eleva o preço do crédito e, consequentemente, trava investimentos no país.
A queda na taxa foi celebrada pelo governo devido ao ciclo de aperto iniciado em março de 2021, que se estendeu até agosto de 2022, com 12 aumentos consecutivos. Desde então, a Selic foi mantida em 11,25%.
Reforma tributária
A reforma tributária
foi aprovada em dezembro de 2023 para simplificar a tributação sobre o consumo, alterando a maneira como os brasileiros compram produtos e serviços. O texto-base recebeu 365 votos a favor e 118 contra após uma série de negociações entre a Câmara e o Senado, contando ainda com a participação do Ministério da Fazenda.
A proposta já havia recebido aprovação dos deputados federais em julho do ano passado. Contudo, o Senado realizou modificações no texto, requerendo uma nova análise da reforma por parte dos deputados, seguindo as normas legislativas.