Presidente Lula, e a presidente da Caixa, Maria Rita Serrano
Antônio Cruz/Agência Brasil - 12/07/2023
Presidente Lula, e a presidente da Caixa, Maria Rita Serrano

O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, saiu em defesa da presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Rita Serrano, neste domingo (23). Os cargos de ambos estão ameaçados por partidos do Centrão, segundo rumores.

Em entrevista à Veja, Dias disse que a relação entre ele e Rita é boa, e que, "do ponto de vista do ministério, eu só tenho que agradecer e elogiar o trabalho da Caixa".

Há pouco mais de uma semana, Rita já havia recebido apoio de  movimentos populares, que se manifestaram  no dia 13 de julho, diante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para pedir a permanência da executiva no comando da Caixa.

A presidente do banco corre o risco de deixar o cargo. De acordo com rumores que circulam no Palácio do Planalto, o Centrão, sobretudo na figura do Progressistas (PP) teria pedido a Lula o comando da Caixa, em troca de mais apoio no Congresso. Outros cargos, como o de Dias, também estariam ameaçados.

Segundo a CNN, a sugestão de substituir Rita teria sido bem recebida pelo governo federal. O ex-ministro e ex-presidente do banco Gilberto Occhi seria um possível indicado para assumir o comando da Caixa, ocupando cota do PP. Occhi é ligado ao senador Ciro Nogueira (PP-PI) e ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). A CNN também informa que outro nome cogitado pelo PP é o de Margarete Coelho, ex-vice-governadora do Piauí e diretora de Administração e Finanças do Sebrae.

De acordo com o blog da jornalista Ana Flor no G1, lideranças de partidos ligados ao Centrão têm pedido, além do comando da Caixa, outros cargos a Lula, como os ministérios do Desenvolvimento Social e do Esporte e a presidência dos Correios. As negociações das possíveis trocas devem ser realizadas no Planalto em agosto.

Rita fica?

Em entrevista a jornalistas após a cerimônia de sanção do novo Minha Casa, Minha Vida  no último dia 13, Rita disse que os rumores da sua saída do comando da Caixa são apenas "especulação", e que, por enquanto, "não houve nenhuma conversa sobre essa possibilidade".

"Não existe absolutamente nada de concreto com relação a isso. Não houve nenhuma conversa sobre essa possibilidade. O que nós temos visto, de fato, é uma especulação muito grande da imprensa, que não envolve só meu nome, são vários nomes. Quero dizer que acho isso muito ruim porque me parece que o objetivo disso é criar uma instabilidade no governo. E, com isso, paralisar o governo quando você tem esse grau de especulação", disse Rita.

Apesar disso, a presidente da Caixa disse que todos os cargos em ministérios e estatais são de Lula , e ele é quem define "se fica, se sai ou o que faz".

Mais cedo, durante a cerimônia do Minha Casa, Minha Vida, Rita havia recebido o apoio de representantes do Movimento Camponês Popular e da Confederação Nacional das Associações de Moradores, que a receberam com gritos de "Rita fica".

"Precisamos de uma Caixa forte, pública, com prioridade no desenvolvimento social e comandada por pessoas alinhadas com o projeto popular democrático. Por isso, nós reafirmamos que a nossa presidenta é você, Rita Serrano. Pelo compromisso histórico da sua trajetória e, principalmente, por termos certeza do seu compromisso de construir uma instituição sensível às necessidades populares", defendeu em seu discurso Jéssica Brito, representante do Movimento Camponês Popular, arrancando aplausos da plateia presente no Planalto. Lula estava presente na cerimônia.

No evento, Rita usou seu discurso para celebrar os feitos que alcançou no primeiro semestre no comando da Caixa. "Nós encontramos o banco desmantelado, preparado para privatizar suas principais operações, e uma política de medo e assédio colocada dentro do banco", afirmou. "Refizemos o plano estratégico à luz das demandas do governo federal", completou.

Representante dos funcionários

Servidora de carreira, Rita é funcionária da Caixa desde 1989 e, no início do mantado de Lula, foi convidada a assumir a presidência do banco. Na ocasião, o  governo usou a nomeação para divulgar a presença feminina  em cargos públicos.

Rita era um dos nomes defendidos pelo sindicato para assumir o comando da Caixa. Antes de se tornar presidente do banco, ela era representante dos funcionários no Conselho de Administração da empresa.

Graduada em História e Estudos Sociais, mestre em Administração e especialista em Governança para Conselheiros de Administração, Rita foi presidente do Sindicato dos Bancários do ABC por dois mandatos, de 2006 a 2012.

"Você foi escolhida porque tem uma história, porque muita gente deu referência de você. E eu só espero que você dedique à Caixa aquilo que você dedicou como funcionária, como militante sindical, política e social", disse Lula em janeiro, durante cerimônia na qual Rita tomou posse do cargo .

Desde que assumiu o comando da Caixa, Rita vem afirmando que trabalha para diminuir a cultura do medo na instituição. No último ano, o banco enfrentou um período de denúncias de assédio sexual e moral sob a gestão do então presidente Pedro Guimarães.

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