Pedro Guimarães é acusado de assediar funcionárias da Caixa
Valter Campanato/Agência Brasil
Pedro Guimarães é acusado de assediar funcionárias da Caixa

A corregedoria da Caixa Econômica Federal concluiu a investigação interna a respeito das denúncias de assédio sexual e moral por parte do ex-presidente do banco Pedro Guimarães. Depois de ouvir mais de 50 depoimentos, a corregedoria diz que "é possível afirmar que há indícios de práticas irregulares de índole sexual".

O documento, que tem mais de 500 páginas, foi obtido pelo Jornal Nacional, da TV Globo, e revelado nesta terça-feira (25). De acordo com a emissora, ele foi apresentado ao Conselho de Administração da Caixa, aos Ministérios Públicos Federal e do Trabalho, à Controladoria-Geral da União e à Comissão de Ética da Presidência da República.

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No documento, a corregedoria da Caixa afirma que "dos fatos relatados pelos entrevistados e depoentes, corroborados pelos demais elementos de prova, é possível afirmar que há indícios de práticas irregulares de índole sexual. E ao que tudo aponta, teriam sido praticadas de forma reiterada e se utilizando das mais variadas formas de expressão (física, gestual ou verbal) e valendo-se, inclusive, e em especial, da condição de presidente da empresa".

De acordo com a investigação, Guimarães adotava práticas como "abuso do poder hierárquico, atitudes constrangedoras, comportamentos agressivos, tratamento ríspido e submissão de empregados a práticas de humilhação e vexame". 

A corregedoria concluiu, ainda, que "os relatos expõem uma gestão pautada na cultura de medo, comunicação violenta, insegurança, manipulação, intransigência e permissão ao assédio".

Em nota ao Jornal Nacional, a defesa de Guimarães disse repudiar a forma com a qual a investigação foi conduzida pela corregedoria da Caixa, questionando a parcialidade da comissão interna. A Caixa afirmou que não tolera desvio de conduta de dirigentes ou empregados.

Bolsonaro minimiza assédio

Na segunda-feira (24), o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, em entrevista ao Metrópoles, não ter visto "nenhum depoimento mais contundente de qualquer mulher" .

"Como eu disse para você, eu não vi nada contundente. Eu vi depoimentos de pessoas que se sentiram assediadas. Está nas mãos da Justiça, do Ministério Público para apurar as denúncias", afirmou Bolsonaro.

Como resposta, as funcionárias da Caixa que denunciaram Guimarães publicaram uma carta repudiando o posicionamento do presidente. "É motivo de tristeza que condutas como apalpar seios e nádegas, beijar e cheirar pescoços e cabelos, convocar funcionárias até seus aposentos em hotéis sob pretextos profissionais diversos e recebê-las em trajes íntimos, além de constantes convites para 'massagens', 'banhos de piscina' ou idas a 'saunas' sejam naturalizados e tidos, repetimos, como 'não contundentes' pelo Chefe do Poder Executivo", diz o texto.


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