Veja onde investir com o aumento da Selic
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Veja onde investir com o aumento da Selic

A elevação da Selic para 13,75% ao ano , maior patamar desde o final de 2016, reforça a tendência de valorização das aplicações em renda fixa. O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou, nesta quarta-feira (3), o aumento da taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual.

As opções de investimento são variadas, indo desde o Tesouro Selic até os fundos multimercados, e devem ser feitas com base no perfil de risco, objetivos e prazo para resgatar os recursos de cada investidor.

Quando se olha para os fundos de renda fixa DI, a estimativa é que a maior parte deles tenha rendimento superior ao da poupança, mesmo com taxas de administração acima dos 3%. E os analistas lembram que é possível manter apostas na Bolsa.

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A nova elevação dos juros tende a aumentar o rendimento das aplicações em renda fixa, principalmente daquelas atreladas à Selic ou ao CDI, que acompanha de perto a taxa básica.

Mas o investidor deve estar atento, pois o cenário tanto interno quanto externo estão mais desafiadores, com os ativos de renda fixa e variável tendendo a oscilar mais ao longo do tempo.

"De maneira geral, tudo o que temos olhado em renda fixa tem performado bem, em termos de aumento de taxa. As oportunidades têm ficado melhores, seja em títulos públicos, bancários ou de crédito privado", diz a analista de renda fixa da XP, Camilla Dolle.

Pós-fixados

Segundo analistas ouvidos pelo GLOBO, aplicações pós-fixadas, aquelas que acompanham os juros, são boas opções, especialmente para quem quer correr menos risco, já que elas oscilam pouco até o vencimento. Esses investimentos são mais aconselhados para objetivos de menor prazo.

Entre elas, destacam-se os títulos do Tesouro Direto atrelados à Selic, certificados de depósitos bancários (CDBs) letras de crédito imobiliário (LCIs) e letras de crédito do agronegócio (LCAs), além dos fundos DI.

O risco de calote dos títulos emitidos pelos bancos privados sempre existe, mas o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) oferece proteção até o limite de R$ 250 mil por CPF por instituição financeira.

Vale destacar também que LCIs e LCAs são isentos de imposto de renda.

"Se o investidor não tem uma reserva de emergência, deveria ir para um CDB com liquidez diária. Agora, se o objetivo é de médio prazo, os investimentos indexados ao IPCA estão pagando um juro real alto. Além disso, há LCIs e LCAs que se comparam com CDBs que rendem acima de 100% do CDI, já que são isentas de IR", destaca o educador financeiro do C6 Bank, Liao Yu Chieh.

Títulos atrelados à inflação e prefixados

Para quem aceita correr mais riscos, também há investimentos em renda fixa interessantes. De acordo com os especialistas, nesses casos, o investidor pode reduzir sua exposição em pós e aumentar em prefixados e atrelados à inflação.

Os títulos atrelados à inflação remuneram o IPCA mais uma taxa prefixada definida no momento da aplicação. Com isso, o investidor se protege do aumento dos preços no período e pode ganhar mais, já que a parte prefixada está alta, com a perspectiva de uma Selic ainda elevada.

Para os especialistas, o momento pode ser positivo para a aquisição dos prefixados, que remuneram uma taxa definida na hora da aplicação, pois a expectativa é que o ciclo de altas da Selic está próximo do fim.

Mas em ambos os casos, a atenção deve ser redobrada, pois a renda fixa não é tão fixa assim. As taxas e preços dos títulos variam diariamente até a data de vencimento pelos mais diversos motivos, que vão desde a divulgação de dados econômicos até as incertezas políticas.

Dessa forma, aqueles que estejam interessados em resgatar o ativo investido antes do prazo final precisam estar atentos a esses ganhos ou perdas, pois é possível que a curva de juros do mercado em um determinado momento seja diferente da taxa de cupom da época da aquisição do ativo.

No caso dos prefixados, por exemplo, o Banco Central (BC) pode demorar mais tempo a começar a cortar os juros e a pessoa que adquiriu o ativo ficará presa em um título com rendimento abaixo da Selic.

"Quando a gente fala de prefixado, temos preferido prazos mais curtos, em torno de dois a três anos, por conta de toda a incerteza que temos no mercado. Para proteger da inflação, o ideal é investir em ativos atrelados à inflação de fato, os IPCA+, e levando até o vencimento, que é até onde podemos garantir a proteção contra a inflação", disse Camila.

O especialista em investimentos do banco Santander, Arley Júnior, destaca que o banco possui posição em ativos na classe de inflação, apesar de não terem aumentando a exposição já que a expectativa é de redução dos preços no curto prazo.

"Quando olhamos os prazos intermediários e mais longos, os preços estão interessantes. Preferimos o intermediário pela relação risco/retorno. Estamos falando de 2026 a 2028", diz.

Poupança x Fundos DI

Com a elevação da Selic para 13,75%, os fundos de renda fixa DI continuam a se destacar ante a caderneta de poupança. Segundo estimativas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), as aplicações nesses fundos, em alguns casos, chegam a ter desempenho melhor que a poupança até com taxa de 3% ao ano.

Vale lembrar que desde dezembro foi alterado o cálculo do rendimento da poupança. No atual cenário, o rendimento é de 0,5% ao mês mais a TR. Em 12 meses com a taxa nesse patamar, o rendimento gira em torno de 6,17% ao ano mais a TR.

"Com o nível de Selic hoje e a regra do produto, o investidor consegue encontrar opções mais rentáveis para aquele dinheiro de curto prazo", afirma o especialista do Santander sobre a poupança.

Quanto rende?

Segundo simulações feitas pelo educador financeiro do C6, ao aplicar R$ 1 mil em Tesouro Selic ou CDB que paga 100% do CDI durante um ano, após a incidência de Imposto de Renda de 17,5% para esse prazo, o resgate seria de R$ 1.113,03.

Os cálculos levam em consideração a expectativa média de mercado para os juros futuros após o fim do pregão de terça-feira, quando já se esperava uma Selic em 13,75%.

A poupança, com o mesmo intervalo de tempo, traria retorno de R$ 1.082,91, considerando a TR estimada de 2% ao ano.

Os títulos de renda fixa estão sujeitos a tributação do Imposto de Renda pela tabela regressiva. Para resgates entre 361 dias a 720 dias, a alíquota é de 17,50% sobre o rendimento, o percentual usado no cálculo acima. Passados dois anos, a tributação cai para 15%.

Renda Variável

Mesmo com a renda fixa estando mais atrativa, o investidor que aceita tomar mais risco não deve abandonar a renda variável.

Como destaca o especialista do Santander, fundos multimercados, que investem em várias classes de ativos, estão com bons rendimentos. A Bolsa também deve ser vista como uma opção, levando em conta o nível de desconto dos papéis.

"Se o investidor é mais balanceado, damos opções mais defensivas como empresas pagadoras de dividendos. Se ele é arrojado e entende as oscilações, temos estratégias mais compradas em Bolsa", disse.

Sobre o investimento em bolsas no exterior, o especialista ainda enxerga maior cautela devido às indefinições do mercado sobre a expectativa em relação aos juros americanos.


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