O Comitê de Políticas Monetárias (Copom) do Banco Central reajustou nesta quarta-feira (3) a taxa básica de juros da economia em 0,5 ponto percentual. Com isso, a Selic passou para 13,75%. Essa é a 12ª alta consecutiva e maior taxa desde 2017.
O aperto monetário acontece mesmo com registro de deflação de 1,19% em julho, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para especialistas, isso acontece em meio às incertezas econômicas no país para os próximos meses, principalmente com a chegada das eleições presidenciais.
"A grande questão é de controlar os preços. Isso acontece porque estamos muito acima da meta inflacionária prevista pelo Banco Central. O melhor remédio, por enquanto, é subir os juros", explica Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos.
"O mercado e o Banco Central estão vendo essa deflação como pontual. Ela foi forçada, com redução de impostos, que também deixa o mercado atento a possibilidade de descontrole nas contas públicas", completa.
O aumento dos juros favorece investidores do mercado financeiro, principalmente aqueles que possuem renda fixa, como Tesouro Direto e Poupança.
"Para quem tem renda fixa pode ser um bom momento, mas depende de outras operações que acontecem no mercado financeiro e também de movimentações internacionais", afirma o economista José Rita Moreira.
O prejuízo fica para quem busca financiamentos e empréstimos. A alta dos juros deve encarecer as parcelas e dificultar o acesso ao crédito pessoal e empresarial.
"Investidores de empresas e aqueles que precisam de empréstimos devem ficar alertas, pois o acesso ficará mais caro e poderá ocasionar em dívidas", conclui Moreira.
Próxima reunião
A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 20 e 21 de setembro. Enquanto parte do mercado acredita que o BC vai segurar a alta, outros acreditam em um novo reajuste de 0,25 ponto percentual.
Analistas ouvidos pela reportagem preveem que a Selic deve encerrar o ano a 14,25%.