O cenário externo aliado com a alta de juros no Brasil e a aprovação da PEC Eleitoral fizeram o custo da dívida pública brasileira atingir o maior valor em cinco anos. Dados divulgados nesta quarta-feira pelo Tesouro Nacional mostram que o custo médio das emissões em oferta pública da dívida interna brasileira aumentou de 11,7% ao ano para 12% em junho.
De acordo com o Tesouro, esse é o maior custo médio de emissão de títulos desde maio de 2017. O percentual é quanto o governo paga de juros para detentores de títulos da dívida pública brasileira. Ele é definido em leilões e leva em consideração, por exemplo, estresse do mercado e a taxa básica de juros do país.
O Banco Central vem promovendo um aumento gradual da Selic desde março de 2021. Atualmente, os juros básicos da economia brasileira estão em 13,25%.
O Tesouro afirma que o mês de junho foi marcado pelo aumento da "aversão ao risco", ou seja, pela busca dos investidores em aplicações mais seguras, devido à expectativa de continuidade da alta de juros nos Estados Unidos e de "pressões inflacionárias em nível global".
O mercado internacional registrou volatilidade e queda nos principais índices acionários, na esteira de indicadores econômicos que mostraram persistência da inflação.
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No Brasil, a PEC que criou e ampliou benefícios às vésperas das eleições — a um custo de R$ 42,1 bilhões — também pressionou o mercado, diante da percepção de uma piora do quadro fiscal do governo.
O governo emite dívida para cobrir o rombo orçamentário (quando as despesas são maiores que as receitas) e para pagar títulos anteriores que estão vencendo.
Em julho, o Tesouro afirma as dúvidas sobre a inflação e o crescimento global voltaram a preocupar os mercados, com continuidade de aperto monetário das grandes economias e fortalecimento do dólar frente às principais moedas. Nesse cenário, houve piora na percepção de risco de economias emergentes. Com isso, o Brasil continua registrando um aumento da curva de juros.
De acordo com o Tesouro, a dívida pública brasileira cresceu 2,5% em junho e atingiu R$ 5,84 trilhões. A dívida aumentou em junho por conta das emissões líquidas (acima do valor dos resgates, ou seja, da retirada de títulos do mercado) de R$ 67,33 bilhões e, também, devido às despesas com juros — no valor de R$ 75,98 bilhões.