A agência de classificação de risco Fitch manteve a nota de crédito do Brasil, mas revisou a perspectiva de “negativa” para “estável” por conta de uma evolução das contas públicas melhor do que a esperada.
A Fitch ressaltou que houve superávit primário no ano passado e que o governo se mostrou “comprometido” a retirar as medidas de estímulo à economia implementadas durante a pandemia.
A nota do Brasil continuou em BB-, considerada “especulativa” pela Fitch. Esse patamar indica que há uma vulnerabilidade “elevada” de calote principalmente em caso de mudanças “adversas” no cenário econômico. Por outro lado, existe flexibilidade financeira para apoiar os compromissos acordados.
A nota de agências como a Fitch são consideradas pelos investidores nas análises de risco que precedem as decisões de investimento. Em comunicado, o Ministério da Economia reafirmou "seu comprometimento com a consolidação fiscal necessária para a continuidade do cenário da recuperação econômica".
Crescimento
Segundo a agência, a queda relevante no indicador de dívida/PIB no ano passado deve continuar neste ano, melhorando a posição para uma nova alta que está projetada para acontecer a partir de 2023.
“A dinâmica de crescimento de curto prazo superou as expectativas da Fitch e o progresso nas reformas poderia beneficiar as perspectivas de investimento de médio prazo. O aperto na política monetária pelo Banco Central, apoiada pela autonomia formal, sublinha o compromisso com o combate à inflação”, apontou a agência.
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A projeção da agência é de crescimento de 1,4% este ano, superando o 0,5% esperado anteriormente. A Fitch aponta um resultado melhor do que o esperado no primeiro trimestre.
O Ministério da Economia revisou de 1,5% para 2% a expectativa de crescimento para 2022.
Para 2023, a expectativa da Fitch é de crescimento de 1% por conta da alta nos juros, as eleições e as incertezas globais.
Riscos
Apesar de melhorar a perspectiva para o país, a empresa ressaltou riscos para o cenário fiscal. A projeção é de déficit fiscal ainda grande em 2023 por conta do crescimento mais baixo, preços de commodities e o aumento da cobertura do Auxílio Brasil.
A agência ainda aponta que há um risco adicional se as isenções de impostos, como de combustíveis e as despesas contratadas para este ano sejam estendidas.
Há ainda risco por conta da incerteza sobre a âncora fiscal do país. A Fitch ressalta que já houve mudanças na regra do teto de gastos no ano passado, com a PEC dos Precatórios, o que trouxe dúvida sobre a efetividade da regra.
“A próxima administração pode afrouxar o teto de alguma forma e não está claro se isso poderia ser acompanhado de alguma tentativa de aumento de impostos ou outras reformas com credibilidade para facilitar a consolidação”, disse a Fitch.