O preço do leite deu um salto nas últimas semanas e, em alguns supermercados, já há marcas vendendo o litro por R$ 9,49. Mas, afinal, por que o leite está tão caro? E quando os preços devem começar a ceder?
Este ano, desde janeiro, o leite longa vida ficou 28,5% mais caro, segundo dados do IPCA-15, que mede a inflação até o último dia 15 de junho. Só nos últimos 30 dias, a alta foi de 3,45%, bem acima da média dos alimentos no período, que subiram só 0,25%.
O período seco de inverno tradicionalmente faz os preços do leite subirem, porque o pasto fica mais escasso, prejudicando a produção leiteira. Este ano, o La Niña, fenômeno climático que acentua a estação seca, e a disparada nos preços dos combustíveis e fertilizantes, por causa da guerra na Ucrânia, acentuaram a alta no leite.
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Natália Grigol, pesquisadora da área de leite do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, acrescenta que os custos de produção estiveram em alta nos últimos três anos, levando muitos pecuaristas a saírem da atividade ou reduzirem investimentos.
"Como consequência, a estrutura produtiva agora enfrenta dificuldades para aumentar a oferta (de leite), e os preços ao produtor estão se elevando desde janeiro. Tanto a alimentação concentrada (ração) quanto a volumosa (pastagem) são afetadas pela alta de combustíveis e fertilizantes", explica.
No campo, segundo dados do Cepea, o valor pago ao produtor de leite já subiu 20,6% este ano.
No Rio de Janeiro, o preço do leite longa vida já chega a R$ 9,59 em alguns supermercados, como no caso da garrafa da marca Parmalat vendida no Zona Sul.
Em São Paulo, no Carrefour, há preços que ultrapassam os R$ 7,00, como o leite integral Piracanjuba a R$ 7,09 e o Cemil a R$ 7,39.
"Por uma caixa de leite integral que eu comprava por R$ 5 agora tenho que pagar quase o dobro. Lá em casa, temos quatro crianças que bebem leite, mas do jeito que está vou ter que arrumar um bezerro. Vai sair mais barato", brincou a professora aposentada Maria de Lourdes Vianna, moradora do Rio, ao fazer compras num supermercado na semana passada.
Além do leite, derivados do produto também sobem com força. O queijo subiu 10,25% e a manteiga, 9,53% só nos primeiros seis meses do ano.
André Braz, coordenador da pesquisa de preços da Fundação Getulio Vargas, acredita que a partir de agosto, com a volta das chuvas, os preços do leite tendem a dar um refresco.
"O inverno no Brasil é marcado por frio e pouca chuva. Esse baixo índice pluviométrico não contribui para o florescimento das pastagens. O gado não encontra alimento e, por essa situação, o volume de leite diminui temporariamente", afirma André Braz.