Werner Roger, sócio da Trígono Capital
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Werner Roger, sócio da Trígono Capital

Desde o início da vida, a música é algo presente em nossa rotina. Nada mais justo do que aproveitar essa junção de notas para situar o cenário econômico atual, a fim de ajudar em futuras decisões sobre os seus investimentos. Em 1970, os lares brasileiros se divertiam com o programa “Qual é a música?”, televisionado pelo SBT.

Mais de 50 anos se passaram e, agora, tomo a liberdade de retomar o bordão do apresentador Silvio Santos para apresentar dois movimentos muito relevantes no cenário global. Somente duas notas são necessárias para tal compreensão: aumento das taxas de juros e inflação.

Essas duas notas, ou melhor, palavras, atingem principalmente o mundo ocidental democrático e capitalista. É nessa parte do mundo que as forças de mercado regem a formação de preços. Isso reflete, obviamente, nas cadeias de produção (que foram altamente afetadas pela pandemia) e também aos conflitos entre Rússia e Ucrânia.

Nos últimos anos, em especial por conta da pandemia, os principais bancos centrais do mundo decidiram injetar mais dinheiro em suas economias. Em resumo: US$ 14 trilhões foram enviados para os cidadãos para que estes pudessem ter poder de compra e, assim, fazer a economia rodar. Porém, o consumo também mudou.

Ao longo da pandemia, os principais dirigentes políticos do mundo, e empresários de peso, assumiram compromissos ambientais, deixando os investimentos em setores como energia e combustíveis de origem fóssil e aqueles associados à mineração, ainda mais limitados. A oferta de importantes insumos industriais e combustíveis ficou ainda mais apertada.

Mesmo diante de tal cenário complexo, os países emergentes se saíram duplamente melhor nas últimas crises: perderam menos PIB e se recuperaram com mais força, amplamente apoiados pela elevação dos preços das comodities. No Brasil, por exemplo, em termos de PIB, a queda foi de 3,9% em 2020, com alta de 4,6% no ano seguinte e com expectativa (do FMI) de avanço de 0,8% neste ano.

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Já o PIB das principais economias desenvolvidas do mundo, retraiu, em 2020, 4,5%, frente aos 3,1% da média global e os 2% dos países emergentes. Tratando-se de crescimento, ano passado, os países emergentes cresceram 6,8% ante 5,2% de países desenvolvidos (a média global ficou na casa dos 6,1%).

Em meio às incertezas do mercado, os investidores têm de observar com atenção as performances. Em abril, o índice IBOV caiu 10,1% e o SMLL, 8,4%. No entanto, os três principais fundos da Trígono (Flagship, Delphos e Verbier) obtiveram uma valorização de 1,5%, 3,5% e 1,9%, respectivamente. A que se deve tal performance? Correção de mercado, já que, no período, a maior parte das empresas da Trígono obtiveram resultados positivos ao mesmo tempo em que houve uma redução de múltiplos de mercado de suas ações.

Outro ponto é o posicionamento das empresas, que ajudam a aproveitar as oportunidades dos aumentos de custos, ou seja, se manter alocado na ponta da inflação. Mais: temos baixíssima sobreposição em relação aos benchmarks, o que permite nos descolarmos do mercado.

O que temos em mãos para responder com poucas notas musicais qual, afinal, é a música, passa pelo processo de conhecimento. Ao ter-se dimensão sobre as economias globais, que caminham pelo cenário de aumento das taxas de juros e inflações, percorrer a estrada do investimento fica mais fácil: No momento em que o maestro tocar a música desconhecida, as primeiras notas te trarão familiaridade e não total desconhecimento.

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