Uma fala do presidente Jair Bolsonaro (PL) causou confusão entre apoiadores com quem ele conversava no cercadinho do Palácio da Alvorada. Na noite desta terça-feira (24), Bolsonaro criticou o discurso de opositores que acreditam que o preço da gasolina irá abaixar caso ele não continue no poder. Sem entender a ironia, bolsonaristas aplaudiram a declaração, por acharem que se tratava de uma promessa.
Ao comparar o cenário nacional com o de outros países, o presidente alfinetou seus rivais políticos por "discursos fáceis" sobre reduzir os preços dos combustíveis: "Sempre aquele discurso fácil, salvar, ajudar, a gasolina vai voltar a R$ 3. No mundo todo está R$ 12, só aqui vai voltar a R$ 3", disse.
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Depois dos aplausos, Bolsonaro, visivelmente sem graça, rebateu: "Não, peraí, peraí".
"Isso é o que dizem", explicou uma apoiadora.
"É o que o cara diz…", completou Bolsonaro, aos risos. Sem citar nomes, ele fazia referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quem concorre às eleições presidenciais deste ano.
Ontem, mais cedo, Lula havia comentado sobre a saída de José Mauro Ferreira Coelho do comando da Petrobras e criticado mais uma vez a política de preços da companhia. Em entrevista ao vivo à rádio Mais Brasil News, de Manaus (AM), o petista afirmou que, em vez de trocar o presidente da estatal, Jair Bolsonaro precisa trocar de postura e ter "coragem de assumir a Presidência do Brasil".
"Ele precisa parar de acreditar que a fake news que ele faz todo dia, toda semana de manhã, vai sustentá-lo por muito tempo", cutucou.
"Ele pode fazer uma reunião com o Conselho Nacional de Política Energética, trazer a Petrobras para a mesa, trazer o Conselho da Petrobras e decidir que o preço não será dolarizado, que nós não vamos pagar o preço internacional, nós vamos pagar o preço do custo da gasolina aqui no Brasil. É isso que nós vamos fazer, porque o trabalhador ganha o salário em reais, nós fazemos produção em reais. Não tem porque ficar cobrando em dólar".
Nos últimos meses, o presidente Jair Bolsonaro tem repetido o discurso de que a inflação é um problema global e se esquivado da culpa pela alta dos combustíveis.
Também responsabiliza as medidas restritivas contra a Covid-19 impostas por governadores e prefeitos pelos preços mais elevados.
Bolsonaro teme os impactos que a crise econômica pode causar nas eleições. Nas pesquisas sobre intenção de voto, ele aparece em segundo lugar, justamente atrás de Lula.
Neste mês, além da troca na presidência da Petrobras, Bolsonaro também exonerou o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
A demissão ocorreu logo após o último reajuste do diesel anunciado pela petroleira. Na ocasião, o combustível subiu 8,87%.
Para a Petrobras, o governo indicou o secretário do Ministério da Economia Caio Paes de Andrade. O nome agora precisa passar por assembleia.
No Ministério de Minas e Energia, assumiu o economista Adolfo Sachsida.