A Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) aprovou na terça-feira (3) a paralisação parcial e progressiva da categoria em resposta à promessa não cumprida do presidente Jair Bolsonaro (PL) em reajustar os salários da categoria. A greve, no entanto, não tem calendário definido.
Segundo a entidade, a paralisação ainda precisa ser aprovada por outros sindicatos para decidir as datas de ações contra o governo federal. Há ainda a promessa de entrega de cargos de chefia e até recusar promoções durante a greve.
A categoria tem reclamado das promessas feitas por Bolsonaro, como a de reajustar os salários e abrir mais vagas na PF. Em dezembro, o governo pressionou o Ministério da Economia a abrir espaço de R$ 1,7 bilhão para aumentar os vencimentos de profissionais da segurança pública, mas pressão de agentes da Receita Federal e Banco Central atrapalharam os planos do Palácio do Planalto.
"A ADPF reforça a gravidade do momento e do posicionamento do presidente da República, que, depois de se comprometer publicamente e já com orçamento reservado para a reestruturação das carreiras, decidiu não honrar com a própria palavra, gerando um clima de revolta e insatisfação generalizada nunca antes visto entre os servidores da PF", disse a entidade, em nota.
Os delegados ainda recomendaram a renúncia do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres. Segundo a associação, Torres é ignorado por Jair Bolsonaro, por isso deveria deixar o cargo. O ministro ainda não se pronunciou sobre o pedido.
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Críticas à Bolsonaro
A ADPF ainda criticou a gestão da segurança pública durante o governo Bolsonaro. Em nota, a associação afirmou que o presidente usa a Polícia Federal como marketing de campanha e ressaltou as perdas da categoria nos últimos anos.
"É vergonhoso, sobretudo em um governo que se dizia pautar pela segurança pública o atual estágio a que estão submetidos os policiais", disse.
"É importante destacar que a segurança pública foi a MAIOR bandeira de campanha do governo Bolsonaro e o destacado trabalho das forças de segurança vem sendo utilizado, indevidamente, pelo presidente como instrumento de marketing para a sua reeleição", conclui a ADPF.
Em conversa por telefone, um representante da instituição confidenciou ao iG que governos passados, que não tinham a segurança pública como campanha, cumpriam demandas prometidas à PF.