O Comitê de Políticas Monetárias (Copom) do Banco Central reajustou nesta quarta-feira (4) a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, seguindo projeções do mercado financeiro. Com isso, a Selic passa de 11,75% para 12,75%.
Essa é o 10º reajuste seguido que o Copom faz nos juros básicos em um ano. A medida visa segurar a alta na inflação do país, que está estimada em 7,65% para este ano, segundo dados divulgados pelo Boletim Focus na última segunda-feira (2).
"O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a convergência da inflação para as metas ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2023", afirmou o BC, em comunicado.
"O Copom considera que, diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista. O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas", concluiu.
Quando a taxa Selic aumenta, a tendência é que outras taxas de juros também aumentem. Juros mais altos tornam empréstimos e financiamentos mais caros, e isso inibe o consumo, reduzindo o poder de compra da população.
"A gente vê também uma desaceleração nos mercados que depende muito de crédito, eventualmente o mercado imobiliário, o próprio consumo, cheque especial, cartão de crédito encarecem quando o juros sobe. Essa é a ferramenta para conter o consumo e diminuir a inflação", explica o especialista em investimentos, Bruno Horta.
"As consequências de mais uma alta de juros são a desaceleração tanto das empresas que usam dinheiro para capital de giro, como empresas que tomam empréstimos para expandir e investir", completa.
Para o análista de head do Travelex Bank, Marcos Weigt, o Copom deverá segurar a Selic nas próximas reuniões. A previsão é que a taxa encerre o ano em 13,25%.
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"Pensando em um país que não irá crescer economicamente neste ano, um juro real acima dos 4% é bem alto", afirma.
"Esse aumento deve acarretar na desaceleração das atividades econômicas", completou.
Em comunicado, o Copom admitiu que irá reajustar a Selic em menor magnitude na próxima reunião marcada para os dias 14 e 15 de junho. O BC ressaltou as incertezas na conjuntura econômica.
"Para a próxima reunião, o Comitê antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude. O Comitê nota que a elevada incerteza da atual conjuntura, além do estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demandam cautela adicional em sua atuação", afirmou a entidade.
Weigt ainda acredita que o dólar não deverá ser afetado com a decisão do Banco Central. Para o especialista, a chegada das eleições deve pressionar a moeda americana e provocar a desvalorização do Real.
"O dólar não sofrerá com essas decisões e deve permanecer valorizado. Se não mudar nada no mercado internacional, não devemos ter uma valorização do real como vimos nas últimas semanas, que chegou a bater R$ 4,60, principalmente agora em que as eleições começam a ganhar mais espaço", afirma.
Quem pretende começar a investir e tem o perfil mais conservador, pode ser uma boa hora para optar por papéis de renda fixa.
"Na outra ponta a gente vê investimentos de renda fixa cada vez mais atrativos, afinal o juros é o balizador da rentabilidade de investimentos em renda fixa", explica Bruno Horta.