Conselho formaliza hoje a indicação do novo presidente da Petrobras
Agência Brasil
Conselho formaliza hoje a indicação do novo presidente da Petrobras

O Conselho de Administração da Petrobras elegeu nesta quinta-feira (14) José Mauro Ferreira Coelho como novo presidente da estatal. A cerimônia de posse será às 15h em evento transmitido pela internet.

O nome de José Mauro foi aprovado ontem em Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária. Ele vai assumir a empresa no lugar de Joaquim Silva e Luna, demitido pelo presidente Jair Bolsonaro após impasse com o aumento dos combustíveis.

Em uma conturbada votação nesta quarta-feira (13), com erros no somatório de votos, os acionistas minoritários conseguiram ampliar sua presença no Conselho de Administração da petroleira. O total de assentos dos representantes dos fundos de investimentos passou dos atuais três para quatro. Com isso, a União viu cair de sete para seis os seus representantes no colegiado.

José Mauro era funcionário concursado da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), onde chegou à diretoria, e foi secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME).

José Mauro  pediu demissão do cargo em outubro do ano passado, após pouco mais de um ano na função, no mesmo dia em que houve uma debandada no Ministério da Economia.

Na ocasião, o MME justificou que a saída foi por decisão pessoal e que o secretário cumpriria uma quarentena profissional antes de migrar para a iniciativa privada, mas ele acabou não assumindo nenhuma função, a não ser a presidência do Conselho de Administração da PPSA.

A indicação de José Mauro ao comando da Petrobras ocorreu dois dias após a desistência de Adriano Pires, em razão de conflito de interesses. O atual presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna, foi demitido do cargo por insatisfação de Bolsonaro com o preço dos combustíveis.

Para o posto de presidente do conselho, foi eleito Márcio Andrade Weber. Ele foi indicado pela União após Rodolfo Landim, presidente do Clube de Regatas do Flamengo, ter recusado o convite. Segundo fontes,  o nome de Landim também teria recebido parecer contrário e com ressalvas entre os integrantes do Comitê de Pessoas da Petrobras.

Defesa da política de preços

Pelo histórico de José Mauro, a tendência é de que o novo presidente da Petrobras mantenha a defesa da atual política de preços da estatal. Quando ainda era secretário do MME, e antes mesmo da crise de preço e abastecimento do petróleo, causada pela guerra entre Rússia e Ucrânia, Coelho já era chamado para explicar como funcionava a política de preços de combustíveis.

Em uma entrevista no fim do ano passado ao programa "Brasil em Pauta", ele afirmou que o aumento dos preços dos combustíveis e da energia é uma tendência mundial, ou seja, não se restringiam à realidade brasileira.

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"Os combustíveis são derivados do petróleo, que é uma commodity precificada em dólar no mercado internacional. Se o preço do petróleo aumenta, o dos combustíveis aumenta também", afirmou.

Essa é a explicação que o governo usa para justificar as elevações dos preços dos combustíveis, incluindo gasolina e gás de cozinha, para o consumidor. Outra razão para essa dependência do mercado internacional é que o Brasil, apesar de investimentos feitos em refinarias de petróleo, é um grande importador desses produtos e os preços no mercado doméstico precisam ser competitivos.

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"Se assim não fosse, não teríamos nenhum agente econômico com vontade de trazer derivados de petróleo para o mercado doméstico e isso traria desabastecimento para o país", ressaltou.

Coelho também apontou dois outros fatores bastante conhecidos. Um deles é que o petróleo é precificado no mercado internacional e está diretamente relacionado com o câmbio, ou seja, dólar x real. Por isso, o que acontece na cotação do produto tem impacto no mercado doméstico.

O segundo argumento, bastante explorado pelo presidente Jair Bolsonaro e sua equipe, é a cobrança do ICMS, imposto estadual. Ele explicou que, enquanto a tributação federal corresponde a um valor fixo por litro, o ICMS é um percentual sobre o preço final do combustível.

"O ICMS tem o potencial de aumentar ainda mais o preço. É um efeito cascata: o combustível aumenta e o valor do ICMS em relação ao litro aumenta também", disse.

Experiência acadêmica

Até agora, José Mauro era presidente do Conselho de Administração da PPSA, estatal que cuida da comercialização de óleo e gás que o governo tem direito em contratos do pré-sal. Ele é bacharel em Química Industrial, mestre em Engenharia dos Materiais pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e doutor em Planejamento Energético pelo Programa de Planejamento Energético (PPE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Ele chegou atuar como oficial da artilharia do Exército entre 1983 e 1991. Na EPE, esteve à frente da diretoria de Estudos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Ele tem mais de 25 anos de experiência profissional, atuando nos setores de petróleo, gás natural e biocombustíveis. Também foi professor na graduação e pós-graduação, e tem três livros publicados e mais de 30 trabalhos científicos apresentados ou publicados no Brasil ou exterior.

Ele também já recebeu condecorações como a Medalha Prêmio Correia Lima concedida pelo Exército Brasileiro; a Moção Honrosa da Câmara Municipal do Rio de Janeiro e o Prêmio RenovaBio: Plano Nacional de Biocombustíveis, concedido pela DATAGRO.

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