O ministro da Economia, Paulo Guedes
, disse nesta quinta-feira (7) que o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil vai crescer "em torno de 2%" em 2022. Guedes justifica que investimentos privados vão recuperar economia, mas juros devem impedir alta mais expressiva. O Banco Mundial e o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) discordam das previsões de Guedes.
Segundo o ministro, o Brasil tem R$ 830 bilhões em "crescimento contratado" na forma de investimentos para os próximos 10 a 12 anos, além disso, pode atrair mais R$ 300 bilhões neste ano.
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A taxa de juros, no entanto, "é um vetor de desaceleração forte", diz Guedes. A Selic tenta acompanhar a inflação para conter a alta dos preços, apesar de representantes do Banco Central admitirem que não vão conseguir cumprir a meta em 2022.
“O que nós vamos assistir esse ano são dois vetores. Esse vetor de crescimento [os investimentos] possivelmente faria o Brasil crescer 3%, 3,5%. Mas tem um vetor de desaceleração forte que foi o combate à inflação, os juros do Banco Central subindo. É um vetor de desaceleração cíclica forte. Então, em vez de crescer 3% ou 3,5%, vai crescer em torno de 2%”, afirmou Guedes, em fórum do Bradesco BBI.
Previsões divergentes
O Banco Mundial reduziu para 0,7% a projeção para o crescimento da atividade econômica no Brasil em 2022. O índice é o segundo menor para a região da América Latina e Caribe, atrás apenas do Haiti, que deve ter recessão de 0,4%, segundo o “Consolidando a Recuperação, Aproveitando as Oportunidades do Crescimento Verde”, divulgado pela instituição nesta quinta-feira (7).
Em janeiro, o BM esperava crescimento de 1,4% para o Brasil. Para 2023 e 2024, é esperado crescimento de 1,3% e 2%, respectivamente, na atividade econômica do Brasil.
“O Brasil é um dos países que tem tido mais dificuldades para se recuperar da pandemia, talvez por ter sido atingido mais fortemente. […] Talvez fatores como (a importação dos) fertilizantes e as complicações na cadeia de valor global, sejam prejudiciais (para a economia brasileira) nesse sentido” explicou Bill Maloney, economista-chefe do Banco Mundial.
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O Ipea, vinculado ao Ministério da Economia, manteve a previsão de crescimento de 1,1% para a atividade econômica brasileira neste ano, segundo o boletim Visão Geral da Conjuntura.
Já no último Boletim Focus, o mercado estima uma alta de 0,5% do PIB em 2022. e a Secretaria de Política Econômica reduziu de 2,1% para 1,5% a estimativa para o PIB de 2022 em 17 de março.
Banco Central deve chancelar Guedes
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a expectativa de crescimento do Brasil deve ser revista ligeiramente para cima , apesar da guerra na Europa.
Para ele, o conflito entre Rússia e Ucrânia afetará mais profundamente a Europa, principalmente na questão da energia, trazendo reflexos para o Brasil, mas que alguns choques podem ser positivos, como uma consolidação do país como produtor de energia limpa.
"O Brasil tem essa expectativa de (crescimento do PIB) de 0,5%, e a gente acha que vai, provavelmente, sofrer alguma revisão para cima nas próximas semanas, nos próximos meses. Não será um crescimento muito grande, mas a gente acha que com os ingredientes que a gente tem na mesa, mesmo com os efeitos da guerra, vão levar a uma mudança, uma revisão na expectativa ligeiramente para cima desse número", afirmou durante evento na tarde desta quinta-feira (7).