Joaquim Silva e Luna
Dálie Felberg/Alep
Joaquim Silva e Luna

O presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, reclamou em entrevista à revista Veja publicada nesta quinta-feira (31) da forma como o presidente Jair Bolsonaro o demitiu. Segundo o general, "poderia ter sido de forma mais respeitosa”. Além disso, Luna relata pressão que sofreu sobre indicações para cargos da estatal

“A atitude poderia ter sido diferente. Que tivesse me sido prestado um contato telefônico dizendo: ‘Olha, precisamos do seu cargo’. É coisa simples”, afirmou. “Poderia ter sido de forma mais respeitosa”, avalia.

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O pernambucano de 72 anos também disse ter sido pressionado a mudar a política de preços e indicar conselheiros da estatal de acordo com a vontade do governo. “Não vendo minha alma a ninguém, não coloco meus valores em xeque”, disse.

"As pressões foram crescentes. Em torno dos preços, por troca de diretores. Foram todas absorvidas, nunca cedidas", completou.

Em  11 meses da gestão do general Joaquim Silva e Luna à frente da presidência da Petrobras, os preços da gasolina e do gás de botijão subiram em média 27%. O diesel teve alta de 47% e o GNV (gás veicular) aumentou em 44%.

O presidente Jair Bolsonaro decidiu demitir Silva e Luna em meio à disparada nos preços dos combustíveis. O contexto é parecido com a demissão de seu antecessor, Roberto Castello Branco, que também saiu em meio a críticas de Bolsonaro sobre o preço dos combustíveis.

Nesta terça, Luna afirmou que a estatal, por lei,  não pode fazer política pública com os preços dos combustíveis e "menos ainda" política partidária.

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"Tem responsabilidade social? Tem. Pode fazer política pública? Não. Pode fazer política partidária? Menos ainda", afirmou Silva e Luna em um seminário no Superior Tribunal Militar (STM).

O presidente Jair Bolsonaro conversou com apoiadores nesta terça-feira (29) e foi perguntado sobre a troca no comando da Petrobras. Inicialmente, se negou a responder, e depois disse que é um procedimento "de rotina". Nesta segunda (28), Bolsonaro resolveu demitir Joaquim Silva e Luna e indicar o  economista Adriano Pires para o comando da estatal.

Segundo a revista Veja, os responsáveis pela indicação foram o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. 

Pires já se manifestou diversas vezes a favor da política de preços da Petrobras — que repassa flutuações nas cotações do dólar e do petróleo. Classificou tentativas de controle de preços como populistas.

Ao mesmo tempo, já endossou propostas de concessão de subsídios temporários para cobrir o “efeito guerra”. Em artigo recente, reiterou que não se deve ceder à tentação de intervir nos preços, mas sugeriu a criação de um fundo com uso de dividendos pagos pela Petrobras à União ou vindos de royalties e participações especiais.

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