Dólar continua em queda e chega a R$ 4,74; Bolsa tem volatilidade
Reprodução/Pixabay
Dólar continua em queda e chega a R$ 4,74; Bolsa tem volatilidade

O dólar seguiu sua trajetória de baixa ante o real, fechando a R$ 4,7466 — queda de 1,77%. Este é o oitavo pregão consecutivo em que a moeda americana se desvaloriza. Também é o menor valor desde 11 de março de 2020, quando o o dólar fechou a R$ 4,7215.

Na semana, houve recuo expressivo da divisa americana de 5,37%. No ano, já acumula perdas de 14,86%, o que coloca o real como a moeda que mais se valorizou no mundo em 2022 na comparação com os principais pares.

A Bolsa, por sua vez, apresentou volatilidade durante esta sexta-feira, mas encerrou estável. Depois de ter aberto a 119.062 pontos, fechou a 119.066 pontos, com variação de 0,01%.


Os investidores repercutiram a divulgação de novos dados de inflação no Brasil e falas do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, sobre o processo de normalização da política monetária.

Para a economista da CM Capital, Ariane Benedito, o real seguiu se beneficiando do forte fluxo de entrada de recursos estrangeiros na nossa Bolsa.

Para ela, o movimento ocorre não só pelo patamar elevado dos nossos juros, como também pela posição favorável que o Brasil se encontra no momento, na comparação relativa, com outros emergentes.

Entre no  canal do Brasil Econômico no Telegram e fique por dentro de todas as notícias do dia

"Como não estamos vendo os países da América Latina tão impactados com essa crise geopolítica, o estrangeiro fica mais confortável para fazer investimento. Vimos uma entrada pesada em commodities, no início, mas o estrangeiro já começa, com esse câmbio mais baixo, a se posicionar em outras empresas que estão ganhando fôlego como as aéreas e de turismo".

Ariane destaca que ainda é incerto dizer até onde o dólar pode chegar, mas que o cenário no curto prazo tende a ser favorável para o real, caso a instabilidade externa persista.

Ela lembra que o período pré-pandemia, do qual a atual cotação do dólar se aproxima, era diferente em termos de política monetária e inflação, mas que o nível de atividade econômica era parecido.

"Quanto mais instabilidade nós tivermos nos Estados Unidos e na Europa, vamos continuar vivendo essa baixa no dólar. Caso ocorra uma arrefecida em cenário internacional, podemos perder um pouco esse fator competitivo", disse Ariane, referindo-se ao cenário fiscal, eleitoral e à inflação elevada.

Commodities em queda

No caso da Bolsa, Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, destaca a correção nas empresas de commodities, principalmente as energéticas, como o principal impedimento para uma valorização mais forte do Ibovespa.

"Sempre que há uma sinalização forte de fim de ciclo de juros, é natural ter um ajuste geral. O mercado, que já chegou a precificar o juros a 13%, teve que devolver isso. Ativos cíclicos, como de varejo, construção e tecnologia, que sofreram muito com as altas da Selic têm agora um alívio", explica.

Beyruti ainda diz que a queda do dólar impacta negativamente nos papéis das empresas exportadoras, como Petrobras, JBS e Vale:

"É uma questão de rotação de ativos. O investidor vende o que está caro e compra o que está barato. E como os ativos de commodities têm peso muito grande no Índice Ibovespa, isso acaba atrapalhando o resultado geral".

Mas o petróleo subiu...

O contrato do barril tipo Brent para junho fechou cotado a US$ 117,37, com alta de 1,79%. Já o contrato para maio do WTI, referência americana, encerrou com valorização de 1,38% na sessão, a US$ 113, 90.

Na semana, o Brent subiu 8,74%, enquanto o WTI, 8,78%.

Segundo nota do JP Morgan, os consumidores já estão reagindo às altas e reduzindo o consumo. No próximo trimestre, a demanda por petróleo deve ser 1,1 milhão de barris por dia a menos do que o previsto anteriormente.

Mais cedo, os Estados Unidos e a Comissão Europeia disseram que vão se unir para viabilizar, no mínimo, 15 bilhões de metros cúbicos de gás natural liquefeito (GNL), ainda este ano, para a União Europeia. O objetivo é fazer aumentos progressivos até 2030, quando o fornecimento anual é projetado a 50 milhões de metros cúbicos.

Líderes da União Europeia ainda firmaram um acordo, em uma cúpula em Bruxelas, para que, ao realizarem compras conjuntas de gás natural, possam obter preços menores.

"Em vez de compertimos uns com os outros, elevando os preços, uniremos as nossas demandas", disse a presidente da Comissão Europeia, Úrsula Von Der Leyen.

A Rússia, por sua vez, deu sinais de que a sua ofensiva pode se limitar à frente Leste, onde separatistas apoiados por Moscou atuam desde 2014.

Relatos de um ataque com mísseis e um incêndio nas instalações da petrolífera estatal da Arábia Saudita Aramco fizeram o petróleo abrir em baixa nesta sexta-feira — o país é um dos grandes produtores da commodity. Os preços, entanto, reverteram a queda e fecharam a sexta-feira em alta.

Maior taxa desde 2015

O IPCA-15, prévia da inflação oficial,  avançou 0,95% entre fevereiro e março, segundo dados divulgados pelo IBGE. O dado indica uma desaceleração ante os 0,99% registrados na última medição.

Leia Também

É a maior taxa para um mês de março desde 2015, quando chegou a 1,24%. O resultado levou o indicador a acumular 10,79% em 12 meses.

Os números vieram acima das expectativas, sendo pressionados pela alta nos preços dos alimentos.

Os números de inflação são importantes, pois ajudam o mercado a calibrar suas expectativas para os próximos passos da política monetária.

Na véspera, o presidente do BC havia confirmado que o plano da instituição é encerrar o ciclo de altas dos juros em maio, ao afirmar que uma nova alta da Selic em junho é um cenário menos provável.

A fala de Campos Neto chegou a derrubar as taxas futuras de juros, beneficiando a Bolsa. Hoje, o presidente do BC reforçou o posicionamento.

Em um evento de mercado, ele reafirmou que a autoridade monetária deve encerrar o ciclo de alta de juros em 12,75% em maio.

Ele também reforçou que o pico da inflação em 12 meses ocorrerá em abril, tocando os 11%.

Na cena externa, os investidores seguem acompanhando os desdobramentos da guerra na Ucrânia.

Leia Também

Os Estados Unidos e a União Europeia (UE) anunciaram nesta sexta-feira  um acordo sobre fornecimento de gás natural liquefeito (GNL), em uma tentativa de reduzir a dependência da Europa da energia russa.

A decisão prevê que os EUA forneçam à UE pelo menos 15 bilhões de metros cúbicos adicionais do combustível até o final do ano.

A Rússia, por sua vez, deu sinais de que a sua ofensiva pode se limitar à frente Leste, onde separatistas apoiados por Moscou atuam desde 2014.

Ações

Entre as ações, as ordinárias da Petrobras (PETR3, com direito a voto) subiam 0,66%, e as preferenciais (PETR4, sem direito a voto), 0,22%.

As ordinárias da Vale (VALE3) cediam 1,88%, e as da Siderúrgica Nacional (CSNA3), 1,46%.

As preferenciais da usiminas (USIM5) cediam 2,23%.

No setor financeiro, as preferenciais do Itaú (ITUB4) tinham queda de 0,29%, e as do Bradesco (BBDC4) subiam 1%.

Na ponta positiva, destaque para as ordinárias da Cogna (COGN3), que avançavam 14,29% após a apresentação do balanço do quarto trimestre de 2021.

O grupo do setor de educação encerrou o último trimestre do ano passado com um prejuízo líquido de R$ 74,795 milhões, 87,3% menor do que os R$ 589,232 milhões do resultado ajustado do mesmo período do ano anterior.

Petróleo passa a subir

Após abrir em baixa, os preços do contrato futuro subiam nesta sexta-feira. A reversão ocorreu após relatos de um ataque com mísseis e um incêndio nas instalações da petrolífera estatal da Arábia Saudita Aramco. O país é um dos grandes produtores da commodity.

Por volta de 13h, no horário de Brasília, o contrato para maio do petróleo tipo Brent subia 0,79%, negociado a US$ 119,97.

Já o contrato para o mesmo mês do tipo WTI avançava 0,88%, cotado a US$ 113,33.

Bolsas no exterior

As bolsas americanas operavam com baixas. Por volta de 13h, em Brasília, o índice Dow Jones cedia 0,07% e o S&P, 0,12%. A Bolsa Nasdaq caía 1,11%.

Na Europa, as bolsas operavam com direções contrárias. No mesmo horário, a Bolsa de Londres subia 0,21% e a de Frankfurt, 0,17%. Em Paris, ocorria queda de 0,03%.

As bolsas asiáticas fecharam com direções contrárias. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, teve alta de 0,14%. Em Hong Kong, houve baixa de 2,47% e, na China, de 1,17%.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!