Puxada pela alta nos preços dos alimentos, a prévia da inflação oficial, medida pelo IPCA-15, avançou 0,95% na passagem de fevereiro para março. É a maior taxa para um mês de março desde 2015, quando chegou a 1,24%.
O resultado levou o indicador a acumular 10,79% em 12 meses. O resultado veio acima do esperado. Economistas ouvidos pela Reuters projetavam alta de 0,87% no mês e 10,69% em 12 meses.
Os dados são do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira.
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O resultado do IPCA-15 indica uma desaceleração na margem do indicador em relação a fevereiro, em razão da dissipação dos reajustes anuais de mensalidades escolares que ocorrem naquele mês.
Ainda assim, o indicador não aponta para um alívio nos preços ao consumidor, dado que a inflação segue rodando em dois dígitos por sete meses seguidos.
Os combustíveis, um dos principais vilões da inflação no ano passado, continuam pesando no bolso do brasileiro. A pressão sobre os preços do componente neste mês, inclusive, já era esperada pelo mercado. Isso porque no dia 10 de março, a Petrobras anunciou reajustes de 18,77% na gasolina e de 24,9% no diesel, e dois terços deste aumento serão captados no índice de inflação oficial neste mês.
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Perspectivas
É esperado que a inflação perca força a partir de maio, com a previsão de retirada da bandeira de escassez hídrica em abril, que adiciona R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos.
Apesar da estimativa de recuo do indicador na variação mensal, analistas econômicos estimam que a inflação fique entre 6,5% e 7% este ano, com possibilidade de superar os 7% em 2022.
Caso seja confirmado, 2022 seria o segundo ano consecutivo em que o Banco Central não consegue cumprir a meta de inflação. Em 2021, a inflação de 10,06% ficou bem acima da meta de 3,75% ao ano.
Na última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic em 1,0 ponto percentual, para 11,75% ao ano. Em comunicado divulgado na terça, o colegiado sinalizou mais uma alta de 1,0 ponto na reunião de maio e reafirmou seu compromisso de levar a inflação para o centro da meta em 2023.