Romano Russo Bistrô
Brasil Econômico 16.03.2022
Romano Russo Bistrô

Entrar no Bistrô Romano Russo e ouvir "privet, kak diela?" (“Oi, como vai?”, em russo) é uma verdadeira viagem no tempo. O responsável é o chef Romano Tseplik, que nasceu na antiga União Soviética e veio para o Brasil há 20 anos, trabalhou dez anos como guia turístico, se formou em gastronomia e hoje, apesar de se dizer “um pouquinho brasileiro”, comanda o restaurante em Niterói (RJ) que serve pratos típicos da sua região.

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romano russo
Arquivo pessoal

Chef Romano Tseplik nasceu no Cazaquistão, que fazia parte da União Soviética

Filho de mãe ucraniana, nasceu no território do atual Cazaquistão, com fortes raízes russas. Mesmo assim, desde o início da guerra na Ucrânia, não demorou a condenar os ataques do presidente Vladimir Putin ao país vizinho. 

Além de organizar o primeiro protesto no Rio de Janeiro contra a invasão, entre esta quinta-feira (17) e domingo (20), Tseplik promove no seu restaurante a "Semana da Comida da Ucrânia" e reverte os lucros para a embaixada do país, a fim de ajudar os refugiados e os combatentes. 

“Nós sempre tivemos no cardápio a comida ucraniana, borsch, vareniki , etc. Quando começou a guerra eu organizei a manifestação na frente do consulado da Rússia, no Leblon, mas a guerra continua e a gente ajuda como pode, com dinheiro e pedindo mais atenção ao povo para o que está acontecendo.”

O menu ucraniano conta com a sopa mais famosa do país, o borsch , à base de beterraba, feijão, cenoura e carne, e também com o  vareniki , que consiste em um pastel cozido recheado com batatas ou queijo. Esse último também é conhecido como pirogue , a depender da região da Ucrânia. 

Borsch
Brasil Econômico 16.03.2022
Borsch
Vareniki
Brasil Econômico 16.03.2022
Vareniki


"Russofobia"

Perguntado se sofreu xenofobia desde o início da guerra, o chef Tseplik diz que "sempre têm uns babacas", mas afirma não penar com isso.

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"Tem ucranianos que não vêm porque pensam que somos pró-'operação'. E também tem os russos que moram aqui e pensam que somos pró-Ucrânia. E eu digo: não fiz o prato para vocês, fiz para os brasileiros provarem nossa comida", relata. 

"Eu tenho minha visão política para tudo, para Ucrânia, para o Brasil, para Bolsonaro e para Lula, mas é minha visão, aqui vou servir todo mundo igual. Comida não tem lado", completa.

Alguns bares e restaurantes no Brasil tiraram o estrogonofe do cardápio por ser originário da Rússia e removeram drinks como o Moscow Mule da carta de bebidas. Para Romano, isso não passa de retórica. 

"O drink não tem nada a ver com a Rússia. De que adianta tirar do cardápio? Comida não tem política", explica.  

Apesar de torcer pelo fim do conflito, o chef ainda considera as ações do ocidente muito brandas. "Só sanções não bastam, Putin não está nem aí para o povo ucraniano". 


** Luís Felipe Granado é repórter do Brasil Econômico, editoria de Economia do Portal iG, e pesquisador na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

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