Dólar sobe e Bolsa cai; ações da Petrobras operam em alta após anúncio de reajuste
Felipe Moreno
Dólar sobe e Bolsa cai; ações da Petrobras operam em alta após anúncio de reajuste

O dólar opera em alta ante o real enquanto a Bolsa cai no início desta quinta-feira (10), em linha com a maior aversão ao risco no exterior. O movimento ocorre após as expectativas do mercado com o encontro entre os ministros das Relações Exteriores da Rússia e Ucrânia serem frustradas.

Entre as ações, destaque para os papéis da Petrobras. A estatal anunciou, após 57 dias,  que fará ajustes nos preços de gasolina e diesel nas refinarias, ou seja, para as distribuidoras. A alta chega a 24,93% e vale a partir de amanhã.

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Por volta de 10h40, as ordinárias da Petrobras (PETR3, com direito a voto) subiam 2,83%, e as preferenciais (PETR4, sem direito a voto), 3,96%.

A moeda americana tinha alta de 0,75%, negociada a R$ 5,0484. No mesmo horário, o Ibovespa cedia 1,08%, aos 112.675 pontos.

Discórdia

A Ucrânia e a Rússia não conseguiram chegar a um consenso para parar a guerra nas primeiras conversas entre os seus ministros das Relações Exteriores desde o início da invasão russa.

A Rússia indicou que continuará os ataques até que seus objetivos sejam alcançados, disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, após a reunião realizada com seu homólogo russo, Sergei Lavrov, na Turquia.

A leitura de uma possível resolução para o conflito pela via diplomática ajudou as bolsas a dispararem na véspera. Diante da continuidade do impasse, os índices acionários devolvem parte dos ganhos, e o petróleo volta a subir.

Sem uma resolução, ao menos parcial, do conflito no horizonte, a volatilidade volta a imperar nos mercados. E, com ela, as incertezas sobre o quão prejudicial a continuidade da guerra será para a economia mundial.

BCE mantém taxas de juros

Além do cenário geopolítico, os investidores repercutem a decisão de juros por parte do Banco Central Europeu (BCE).

Autoridades do banco já vinham dando sinalizações de que a alta nas taxas estava mais próxima, ainda que se espere um movimento mais lento de elevações se comparado ao Federal Reserve, Banco Central americano.

Na reunião desta quinta, porém, as taxas de depósito, refinanciamento e empréstimo foram mantidas em -0,50%, 0% e 0,25% ao ano.

A autoridade monetária anunciou o fim das compras mensais de títulos sob o Programa Emergencial Pandêmico de Compras (PEPP, na sigla em inglês).

As compras líquidas mensais do programa tradicional de compras do banco (APP) chegarão no patamar de 40 mil milhões de euros em abril, 30 mil milhões de euros em maio e 20 mil milhões de euros em junho.

Em entrevista coletiva após o anúncio, a presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou que o banco vê a inflação chegar em um patamar em mais de duas vezes sua meta de 2% este ano.

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A inflação é vista em média de 5,1% este ano, acima dos 3,2% previstos em dezembro, enquanto em 2023, é vista em 2,1%, acima da previsão anterior de 1,8%.

Segundo Lagarde, a guerra entre Rússia e Ucrânia "terá um impacto material na atividade econômica e na inflação por meio de preços mais altos de energia e commodities, interrupção do comércio internacional e confiança mais fraca".

"A extensão desses efeitos dependerá de como o conflito evolui, do impacto das sanções atuais e de possíveis medidas adicionais", disse Lagarde, destacando que o Conselho do BCE observa como “cada vez mais provável” que a inflação se estabilize em sua meta de 2% no médio prazo.

O banco reduziu a sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro em 2022 em 0,5%. Agora, a previsão é de crescimento de 3,7%.

Inflação nos EUA renova recorde de 40 anos

Nos Estados Unidos, o destaque vai para os novos dados de inflação, que ganham ainda mais importância com a proximidade da reunião do Fed. 

O índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos acelerou em fevereiro para um novo recorde em 40 anos. O aumento dos custos com a gasolina, alimentação e habitação pressionou ainda mais a renda dos americanos.

O índice de preços ao consumidor subiu 0,8% em fevereiro ante o mês anterior. Na comparação anual, o avanço foi de 7,9% ante os 7,5% registrados em janeiro.

O núcleo do índice, que exclui componentes voláteis de alimentos e energia, subiu 0,5% em fevereiro ante janeiro. Na base anual, a alta foi de 6,4%.

Os dados mostram que a inflação no país já estava pressionada antes mesmo da guerra entre Rússia e Ucrânia e o salto recente dos preços do petróleo. Com o conflito, a expectativa é que o pico da inflação não seja mais o mês de fevereiro.

Combustíveis

Na cena interna, os agentes de mercado seguem monitorando a discussão sobre combustíveis no Congresso diante da alta do petróleo no exterior.

Havia a expectativa de votação de dois projetos sobre o tema no Senado na quarta-feira. No entanto,  a apreciação das matérias foi, novamente, adiada.

Ações

As ordinárias da Vale (VALE3) avançavam 1,61%, e as da Siderúrgica Nacional (CSNA3) cediam 3,58%.

As preferenciais da Usiminas (USIM5) caíam 0,20%.

No setor financeiro, as preferenciais do Itaú (ITUB4) e do Bradesco (BBDC4) tinham quedas de 1,87% e 1,63%, respectivamente.

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