A Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) informou, nesta quinta-feira (3), que o Brasil possui estoque de fertilizantes até junho. Para a entidade, ainda é prematuro avaliar em profundidade os possíveis impactos da invasão da Ucrânia pela Rússia ao agronegócio brasileiro.
Já a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou em entrevista à CNN Brasil na última quarta, que o país conta com "estoque de passagem para chegar até a próxima safra, em outubro".
"Neste momento não temos problema. A safra de verão é uma preocupação”, disse a ministra.
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A crise no abastecimento já existia antes da guerra, com as sanções aplicadas à Bielorrússia. O alvo é o presidente do país, Alexander Lukashenko: pesa sobre ele uma série de acusações, como fraude na eleição, tráfico de imigrantes e violação aos direitos humanos.
O texto divulgado pela Anda destaca que o volume atual está acima da média dos anos anteriores. Porém, observa que o Brasil importa cerca de 9 milhões de toneladas por ano de insumos para fertilizantes do leste europeu, ou seja, em torno de 25% de tudo o que é comprado no exterior.
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Um dos componentes que causam preocupação é o cloreto de potássio. Mais de 2 milhões de toneladas já estavam comprometidos com as sanções anteriores à Bielorrúsia e outros 3 milhões de toneladas esperados têm como origem a Rússia.
Na terça, o presidente Jair Bolsonaro (PL) alertou para a questão. "Com a guerra Rússia/Ucrânia, hoje corremos o risco da falta do potássio ou aumento do seu preço. Nossa segurança alimentar e agronegócio (Economia) exigem de nós, Executivo e Legislativo, medidas que nos permitam a não dependência externa de algo que temos em abundância".
Outro ponto destacado pela Anda se refere aos fertilizantes nitrogenados, em especial nitrato de amônio, "porque importamos volume expressivo da Rússia". Com relação aos fosfatados, a dependência do Leste Europeu é menor, o que atenua os impactos de abastecimento para a safra atual.
"Vale ressaltar que, embora já existam restrições bancárias que causam insegurança e dificuldades para o fluxo de pagamento, as transações estão sendo realizadas entre empresas privadas", salientou a entidade.
A Anda também acompanha com cautela a logística marítima, por conta das restrições que inibem temporariamente o fluxo de navios à região do conflito. Isso gera dificuldades para transportar os insumos, como foi registrado nas operações no Mar Negro. "Nesse sentido, o mercado está buscando soluções para cenários como os que estamos enfrentando".
"A Anda reafirma acreditar na diplomacia brasileira e segue seu compromisso em buscar atender à demanda nacional, como acontece até o momento, e continua promovendo diálogos sobre o cenário geopolítico com seus associados, setor agrícola, indústria, sociedade civil e o governo", conclui a nota.