Menos da metade dos ambulantes do Carnaval que estão aptos a receber o benefício de R$ 500 da prefeitura do Rio já solicitaram o auxílio, anunciado no último dia 4 e pago em cota única nesta sexta-feira (18). A medida visa mitigar o impacto socioeconômico da pandemia de Covid-19 aos 9.262 camelôs cadastrados pela RioTur no Carnaval de 2020 para trabalhar nos blocos de rua.
Até o momento, mesmo com as inscrições ainda abertas, apenas 3.918 deles já solicitaram o benefício: 42%. A informação foi dada em evento sobre os dados econômicos do carnaval, realizado na manhã desta sexta-feira no Palácio da Cidade, com a presença do prefeito Eduardo Paes e dos secretários de Fazenda, Pedro Paulo, e de Desenvolvimento Econômico, Chicão Bulhões.
"Para os cerca de 9 mil trabalhadores, disponibilizamos quase R$ 5 milhões. O cadastro para solicitação do auxílio continua aberto para os ambulantes que atuaram no carnaval de 2020 no site carioca.rio. A economia do carnaval ainda tem muita informalidade. São muitos trabalhadores por conta própria, que não aparecem em dados de arrecadação e de emprego", disse Pedro Paulo.
Segundo o levantamento apresentado, em média, 60% dos insumos e produtos para atender a foliões, escolas de samba e blocos de rua na produção do carnaval são consumidos na cidade do Rio. O impacto da pandemia atingiu também comércios importantes da cidade como o Mercadão de Madureira e Saara.
No Sambódromo, 55,6% do público de 2020 era de turistas nacionais, 32% de moradores da Região Metropolitana do Rio, e 12,4% de turistas estrangeiros.
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R$ 5 milhões a mais de ISS
O secretário Chicão Bulhões, destacou que o carnaval aumenta expressivamente a arrecadação de ISS em serviços relacionados ao turismo, hospedagem, lazer e artistas. Em fevereiro de 2020, foram arrecadados R$ 25,8 milhões do imposto nesses serviços, contra uma média de R$ 21 milhões nos outros meses do ano: uma diferença de quase R$ 5 milhões. Em média, a arrecadação de ISS do turismo no carnaval é 23,8% maior do que nos demais meses do ano, incluindo o período das festas de fim de ano.
"O carnaval movimenta R$ 4 bilhões por ano na economia carioca. De acordo com estimativas da Confederação Nacional do Comércio, em 2020, o Rio foi responsável por um terço das movimentaçao financeira das atividades turísticas relacionadas ao carnaval, enquanto São Paulo e Bahia, juntos, representam outro terço. Isso mostra como nosso carnaval é extremamente relevante no cenário nacional", disse Bulhões.
Segundo a Fundação João Goulart, o carnaval do Rio tem cerca de 43 mil trabalhadores, sendo aproximadamente 26,5 mil nos blocos de rua cadastrados. Nas escolas de samba, anualmente, são empregados cerca de 17 mil pessoas: 6 mil no Grupo Especial (cerca de 500 trabalhadores por escola); 2.250 no Grupo de Acesso (Série Ouro), o que representa aproximadamente 150 por agremiação; e mais 8.750 nos demais grupos, o que dá uma média de 100 trabalhadores por escola.
Para o prefeito Eduardo Paes, "há pouca reflexão, de maneira geral, sobre a importância do carnaval".
"Existe um movimento de setores conservadores que carrega todo aquele preconceito e racismo da nossa sociedade contra o carnaval pelo fato dessa manifestação cultural ter origem nas religiões de matriz africana. O nosso grande desafio como sociedade é atrair outros atores sociais e econômicos para essa discussão, mas, pra isso, a gente precisa estar preparado para argumentar e mostrar o que essa festa representa sob o ponto de visto econômico, cultural e de identidade nacional", afirmou.
Dados da Comlurb apresentados na cerimônia mostram que, em 2020, foram mais de mil toneladas de lixo recolhidos em eventos do carnaval: 66,2% (707 toneladas) nos blocos de rua e 304 toneladas na Sapucaí, o que representa 28,5% do total. O carnaval dos bairros somou 40,9 toneladas de lixo (3,8%), enquanto o da Intendente Magalhães representou 15,5 toneladas: 1,5% do total.