A Uber divulgou nesta quarta-feira (15) uma pesquisa com os motoristas e entregadores que trabalham em sua plataforma. O levantamento mostra que 46% dos entrevistados têm ensino superior, e ter horário flexível e repor a renda perdida com a pandemia aparecem entre os principais motivos para prestar serviços por meio do aplicativo. Além disso, maioria se preocupa com aposentadoria e proteção da renda.
A pesquisa foi feita pelo Instituto Datafolha com 1.583 motoristas e 848 entregadores nas cinco regiões do Brasil. Entre os motoristas que declararam sua escolaridade, 51% cursaram o ensino superior. Este número é um pouco mais baixo entre os entregadores: 38%.
Essa diferença pode ser um reflexo da idade dos motoristas e entregadores: enquanto o primeiro grupo se concentra na faixa de 30 a 39 anos, com 35%, 49% do segundo está entre 18 e 29 anos. Além disso, 92% dos trabalhadores são homens, e 63% têm filhos.
Horário flexível, autonomia e renda
O questionário envolveu também classificar 11 motivos para trabalhar na Uber como importantes, de média importância ou irrelevantes. A empresa também classificou esses fatores em dois grupos: liberdade e renda.
Ter horário flexível foi citado como importante por 71% dos entrevistados, enquanto ter autonomia e ser seu próprio chefe, por 60%. Outro ponto relacionado à liberdade foi poder trabalhar meio período por questões familiares, educacionais ou de saúde: esse ponto foi considerado importante por 58%.
Do lado da renda, ganhar dinheiro para realizar projetos próprios ou da família foi mencionado por 66% como um motivo importante — o mais alto desse grupo. Logo depois, vêm repor a renda perdida com a pandemia, com 62%, e ajudar a manter uma renda regular, com 58%.
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Uma parcela considerável dos parceiros admite estar na plataforma para ganhar dinheiro enquanto procura um trabalho em tempo integral: 52% citam esse motivo como importante.
62% preferem não ser registrados
Outra pergunta do levantamento foi sobre a preferência de como ser classificado: como profissional que trabalha por conta própria ou como empregado registrado. Entre os entrevistados, 62% dão alguma ou muita preferência à primeira opção.
A questão da Uber com a legislação trabalhista é antiga e vai além do Brasil. Por aqui, o entendimento da Justiça até o momento é que motoristas e entregadores não têm vínculo com a empresa. Na quarta-feira, porém, a 3ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) f ormou maioria para reconhecer o vínculo de emprego entre um motorista e a Uber .
No Reino Unido, a companhia foi obrigada a classificar motoristas como trabalhadores . A designação é inferior a empregados, mas ainda assim garante direitos como salário mínimo, férias e pensão. Na cidade de Nova York, o salário mínimo para motoristas de Uber e concorrentes é obrigatório desde 2018.
Salário e aposentadoria
Outra questão é que os motoristas e entregadores só aceitariam um emprego em tempo integral se ganhassem, em média, 43% a mais do que tiram na Uber. O valor médio, R$ 1.144, é a diferença entre a renda mensal média na plataforma e o salário esperado em outro trabalho.
Mesmo assim, a maioria trabalha cinco ou mais dias por semana: são 66% nesse esquema. Os outros 34% se dividem em diversas frequências, desde quem presta serviços de três a quatro dias na semana até apenas uma vez por mês.
Por outro lado, perguntas sobre proteção social e aposentadoria são citadas por até 71% dos trabalhadores. Mesmo assim, 43% não contribuem para o INSS nem tem previdência privada. As mensalidades caras são o principal motivo mencionado para isso.