Ibovespa caiu mais de 3% nesta terça-feira e se aproxima dos 110 mil pontos
Reprodução: iG Minas Gerais
Ibovespa caiu mais de 3% nesta terça-feira e se aproxima dos 110 mil pontos

A Bolsa brasileira fechou em queda firme nesta terça-feira (28), em meio a um cenário de aversão ao risco no exterior. O sentimento de maior cautela entre os investidores também foi refletido no dólar, que operou acima dos R$ 5,40 durante praticamente todo o dia.

O Ibovespa teve queda de 3,05%, aos 110.124 pontos. O principal índice da B3 foi pressionado pelo desempenho ruim da Vale e das siderúrgicas e pelo sinal negativo emitido pelas bolsas americanas.

O dólar teve alta de 0,88%, cotado a R$ 5,4254.

A alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, os Treasuries, em meio a perspectivas de inflação mais altas e persistentes, temores com relação à China e a possibilidade de uma crise energética são alguns dos fatores que prejudicaram os mercados acionários.

Ameça energética

Na China,  uma forte crise de energia que, além de ameaçar o crescimento do país, já prejudica ainda mais as cadeias de suprimentos globais. A maior montadora do mundo, a Toyota, e fornecedores de gigantes como Apple e Tesla já vêm reduzindo produção devido ao menor suprimento de eletricidade.

Pelo menos 20 províncias e regiões chinesas que representam mais de 66% do Produto Interno Bruto (PIB) do país adotaram alguma forma de racionamento de energia.

Além disso, o governo chinês tem levado a sério suas metas de redução de emissões de carbono. Isso faz com que o próprio governo reduza o fornecimento de energia em algumas regiões, levando a paralisações generalizadas que interrompem as atividades das fábricas

Para o estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, o desempenho do Ibovespa esteve em linha com as quedas vistas no exterior, com os problemas da China elevando os temores entre os investidores.

"Saíram alguns indicadores que não foram tão positivos, principalmente o industrial, que desacelerou de julho para agosto. Mas ele não desacelerou por conta de problemas como falta de demanda, mas orientação do governo devido às preocupações com o consumo de energia elétrica local".

"A China é o principal parceiro comercial de vários países e várias empresas globais têm uma parte importante da cadeia de produção na China.Já tinha um problema nos últimos meses pela questão da pandemia. A questão da pandemia, você consegue resolver com a vacinação, mas a energia é outro ponto", completa.

O sócio da Monte Bravo Investimentos, Rodrigo Franchini, destaca que a possibilidade da China apresentar um crescimento menor afeta a disponibilidade dos investidores em tomar riscos.

"E se a China  demonstra um crescimento menor, os emergentes, que têm a China como um dos principais parceiros comerciais, também vão sofrer com a diminuição da demanda", explica.

Dólar acima dos R$ 5,40, com cautela no exterior

A valorização do dólar acompanhou o movimento da divisa visto no exterior em um cenário de alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, que operavam na casa do 1,5%.

Os rendimentos do Tesouro aumentaram à medida que os investidores já precificam uma inflação mais alta em 2021, bem como um eventual aumento da taxa de juros pelo Fed no próximo ano, em um cenário de retirada de estímulos da economia.

Com isso, os investidores tendem a procurar ativos mais seguros e acabam vendendo outros ,como ações, principalmente aquelas de mercados emergentes. Isso leva a uma retirada de dólares desses mercados. E com menos dólares disponíveis, o preço da divisa aumenta.

"Os índices inflacionários globais se mantêm em um patamar mais elevado em um momento que os estímulos à economia vão começar a cair. Então, as Treasuries de 10 anos estão sendo procuradas pela perspectiva de juros subindo, com o mercado tendo mais atenção, neste momento, para ativos mais conservadores", destaca Franchini.

Nos Estados Unidos, o presidente do Fed teve agenda no Senado ao lado da secretaria do Tesouro, Janete Yellen. Em sua fala, ele admitiu que os gargalos da economia americana estão ficando piores, não melhores" nos últimos meses, o que contribuiu para uma inflação mais persistente.

No entanto, ele reiterou que espera que os desequilíbrios entre oferta e demanda, responsáveis pela inflação em alta para os patamares americanos, devem ser resolvidos.

Na semana passada, Powell destacou, em fala após a reunião de política monetária do banco, que o processo de retirada de estímulos à economia, o chamado "tapering", poderia ser iniciado em novembro.

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