A China, segunda maior economia do mundo, está mergulhada em uma forte crise de energia que, além de ameaçar o crescimento do país, já prejudica ainda mais as cadeias de suprimentos globais. A maior montadora do mundo, a Toyota, e fornecedores de gigantes como Apple e Tesla já vêm reduzindo produção devido ao menor suprimento de eletricidade.
Pelo menos 20 províncias e regiões chinesas que representam mais de 66% do Produto Interno Bruto (PIB) do país adotaram alguma forma de racionamento de energia. Algumas empresas já operam à luz de velas e shopping centers estão fechando mais cedo.
Duas razões estão por trás da crise: a escassez de carvão, uma das principais fontes de energia do país, empurrou os preços dos insumos para níveis históricos, e, consequentemente, gerou restrições de uso. Só neste ano, os preços do carvão subiram 96% na China.
Além disso, o governo chinês tem levado a sério suas metas de redução de emissões de carbono. Pequim se prepara para sediar as Olimpíadas de Inverno, em fevereiro do ano que vem, e as autoridades querem assegurar um céu limpo aos olhos dos estrangeiros.
Isso tem levado o próprio governo a reduzir o fornecimento de energia em algumas regiões, levando a paralisações generalizadas que interrompem as atividades das fábricas e deixam muitas casas sem energia no Nordeste do país.
Vários fornecedores da Apple e da Tesla suspenderam a produção em algumas fábricas chinesas por vários dias para cumprir as políticas de consumo de energia mais rígidas, colocando as cadeias de suprimentos em risco na alta temporada de produtos eletrônicos.
Produção em ritmo lento
A Unimicron Technology Corp, de Taiwan, que fornece componentes para a Apple, informou que três de suas subsidiárias na China interromperam a produção do meio-dia de domingo, dia 26, até a meia-noite de quinta-feira, dia 30, para "cumprir a política de limitação de eletricidade dos governos locais".
A Eson Precision, uma afiliada da Taiwan Hon Hai Precision Industry, disse em um comunicado que suspendeu a produção de domingo até sexta-feira nas instalações na cidade chinesa de Kunshan.
A Concraft Holding, fornecedora de componentes de alto-falantes para o iPhone da Apple e que possui fábricas na cidade de Suzhou, por sua vez, decidiu suspender a produção por cinco dias.
Duas fontes disseram à agência Reuters que as instalações da Foxconn, em Kunshan, tiveram um impacto "muito pequeno" na produção. Segundo esses relatos, a Foxconn, grande fornecedora de componentes para a Apple, teve que "ajustar" uma pequena parte de sua capacidade nesta unidade, que inclui a fabricação de notebooks de outras empresas, mas não da fabricante do iPhone.
Outra empresa que vem sofrendo as consequências da crise energética é a Toyota. Sem dar maiores detalhes, a porta-voz da montadora, Shiori Hashimoto, confirmou por e-mail que as operações na China estão sendo afetadas pela falta de energia do país e acrescentou que a empresa não está fornecendo uma perspectiva futura neste momento, pois a situação "ainda está mudando".
A montadora número um do mundo tem capacidade de produção de automóveis em grande escala na China, incluindo joint-ventures com fábricas locais e distribuidores, de acordo com seu site. Suas fábricas estão centralizadas em Tianjin e Xangai. A Toyota produz mais de um milhão de veículos por ano no país.